Reitoria da UFFS institui grupo de trabalho com foco na permanência indígena
Grupo foi criado após reivindicações do movimento indígena de Chapecó

Publicado em: 12 de abril de 2024 09h04min / Atualizado em: 12 de abril de 2024 10h04min

Desde a instituição do Programa de Acesso e Permanência dos Povos Indígenas (PIN) a UFFS trabalha e avança nas questões que circundam o acesso e, principalmente, a permanência desses estudantes no ensino superior, especialmente aqueles vindos de regiões diferentes do país. Atualmente, a Instituição tem cerca de 600 matrículas ativas dentro do PIN, sendo 249 no Campus Chapecó. Desses estudantes, que estão no Campus Chapecó, 88 são da região Norte do país.

No final de fevereiro, o movimento indígena de Chapecó procurou a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PROAE) para apresentar algumas pautas dos estudantes. As demandas apresentadas foram: gratuidade no RU, aumento dos auxílios destinados aos estudantes indígenas, acompanhamento pedagógico e psicológico, inclusão de vagas para indígenas nos cursos de Enfermagem e Medicina, através do PIN, e moradia estudantil indígena.

Em reunião realizada na tarde de quarta-feira (10), a Reitoria da UFFS instituiu um Grupo de Trabalho sobre Permanência Indígena na Universidade, que pretende, de maneira coletiva, construir saídas para o atendimento às pautas dos estudantes. Participam do GT membros da UFFS, estudantes indígenas e membros externos ligados à causa indígena, como Funai, Ministério dos Povos Indígenas e Ministério da Educação.

Reuniões

Após a apresentação das demandas dos estudantes, a Reitoria realizou reuniões para encaminhamentos. As primeiras reuniões aconteceram no dia 06 de março e 04 de abril com a presença do reitor, João Alfredo Braida, da vice-reitora, Sandra Pierozan, da diretora do Campus Chapecó, Adriana Remião Luzardo, do pró-reitor de Assuntos Estudantis, Clóvis Alencar Butzge, e do pró-reitor de Graduação, Elsio José Corá.

A partir dessas reuniões, foi realizada a distribuição emergencial de tickets do RU para estudantes indígenas ingressantes dos seis campi da UFFS, até que passem a receber seus primeiros auxílios socioeconômicos.

Na tarde de quarta-feira (10), em um novo momento, estavam presentes o reitor, João Alfredo Braida, da vice-reitora, Sandra Pierozan, da diretora do Campus Chapecó, Adriana Remião Luzardo, do pró-reitor de Assuntos Estudantis, Clóvis Alencar Butzge, e o pró-reitor de Graduação, Elsio José Corá, o pró-reitor de Extensão e Cultura, Willian Simões. Também participaram a representante da Funai Chapecó, Consuelo Cardoso; o representante da Funai de Passo Fundo, Danilo Braga; representantes do Ministério dos Povos Indígenas, Edilson Baniwa e Eliel Benites; a representante do Ministério da Educação, Rosilene Araujo Tuxá; o presidente do Conselho Estratégico Social (CES) da UFFS, Inácio Werle; e a conselheira do CES, Elisabeth Maria Timm Seferin, os representantes dos estudantes, Marcio Katáhn Manoel Antonio e Robson Rosindo da Silva, além de um grande número de estudantes e integrantes do Movimento Indígena do Campus Chapecó.

Grupo de Trabalho

Um dos encaminhamentos da reunião do dia 10 foi a criação de um Grupo de Trabalho (GT) permanente sobre permanência indígena na UFFS. As entidades participantes concordaram com a criação e também se disponibilizaram a participar do GT para construir coletivamente as soluções e também delinear, em conjunto com as instâncias competentes, soluções para as questões de longo prazo como, por exemplo, a busca por recursos para projetos de maior investimento, como a moradia estudantil.

De imediato, a PROAE está construindo uma proposta de gratuidade para acesso ao restaurante universitário para estudantes indígenas e não-indígenas mais vulneráveis, que deverá ser encaminhada ao Conselho Universitário (Consuni). Além disso, está se estudando a possibilidade de aumentar os auxílios do Programa de Apoio e Permanência dos Povos Indígenas e Quilombolas (APPIQ).

O mesmo acontece com a pauta que requer a destinação das vagas para os cursos de Enfermagem e Medicina: será formulada uma proposta e enviada para o Consuni.

Com relação às pautas de acompanhamento psicológico e pedagógico, além da disponibilização da estrutura da PROAE e SAE, com sua equipe de psicólogos, está sendo feito um diálogo com Pró-Reitoria de Graduação para avançar no acompanhamento pedagógico por meio de monitorias e outras estratégias. Articulado a isso, a gestão fará mediações com o MEC para que sejam ampliadas as bolsas do Programa Bolsa Permanência (PBP).

Para o reitor, João Alfredo Braida, o diálogo permanente com os estudantes é fundamental para a construção de soluções definitivas e duradouras, que possibilitem a permanência dos estudantes indígenas, de modo a concluir com sucesso o curso que vieram fazer na UFFS. “Entretanto, é preciso ter claro que a solução definitiva ultrapassa os limites da UFFS, especialmente para não comprometer ações de permanência para todos os estudantes da Universidade, por isso a reitoria tem feito grande esforço para ampliar o debate com outras entidades e instituições que lutam pela causa indígena, como o Ministério dos Povos Indígenas, o MEC, a FUNAI, entre outras organizações sociais”, explicou.

Nesse sentido, ao final da reunião, mais uma vez, o reitor renovou seu compromisso com o diálogo visando atendimento da pauta dos estudantes. 

Outros encaminhamentos

Ainda, outro encaminhamento é a disponibilização, através de entidades ligadas ao Conselho Estratégico e Social da UFFS, de cestas básicas para estudantes indígenas residentes em Chapecó que estejam em maior vulnerabilidade.