Jaime Giolo assume como reitor da UFFS

Publicado em: 03 de fevereiro de 2011 08h02min / Atualizado em: 20 de março de 2017 14h03min

O auditório do campus-sede da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) foi palco, no dia  2, da cerimônia de transmissão do cargo de reitor. Deixa o cargo de reitor pro tempore o professor doutor Dilvo Ristoff e assume a reitoria o professor doutor Jaime Giolo, que até então exercia o cargo de vice-reitor pro tempore na instituição. Como vice-reitor, assume o professor doutor Antônio Inácio Andrioli, diretor do campus de Cerro Largo.

Na transferência de posse, Dilvo Ristoff falou emocionado sobre o tempo que ficou à frente da UFFS. Agradeceu o apoio que recebeu da equipe de dirigentes da universidade. “Tenho certeza de que estes dois anos de vida dedicados à UFFS valerão a pena. Foram tempos de abnegação e trabalho diuturno”, disse. Ristoff mencionou que a missão que recebeu em fevereiro de 2009 foi cumprida, já que a estrutura administrativa está praticamente montada. “A instituição reúne atualmente capacidade e inteligência suficiente para levar adiante este projeto”.

O presidente do Conselho Estratégico Social, Anacleto Zanela, mencionou que a história da UFFS é de muita luta, de muita mobilização social, a qual iniciou em 2005. “Não foi fácil aglutinar interesses diferentes, de regiões distantes”. O novo reitor da UFFS, Jaime Giolo, reiterou a intenção de cumprir os compromisso assumidos por Dilvo Ristoff. “As bases lançadas estão firmes”. Para o dirigente, a experiência profissional acumulada nestes meses na UFFS “é combustível suficiente para alimentar o meu entusiasmo e a minha determinação”.

Entrevista professor Dilvo Ristoff

No momento em que a UFFS está se consolidando, com obras nos cinco campi, com a finalização do segundo processo seletivo com 14 mil inscritos e com  os primeiros mestrados e doutorados  ganhando forma para passarem pela avaliação da CAPES, há o anúncio da sua saída enquanto reitor. O que o levou a esta decisão?

Dilvo Ristoff - Considero a minha missão de implantar a UFFS cumprida. Dediquei dois anos da minha vida a este projeto. Foram dois anos de dedicação abnegada e diuturna para garantir a implantação dentro dos prazos estabelecidos. Creio que pela intensidade do trabalho realizado,  fizemos em dois o trabalho que normalmente levaria pelo menos quatro ou cinco.  Acabamos de organizar de forma totalmente independente, sem qualquer apoio da UFSC, a nossa tutora, o segundo processo seletivo dos estudantes da UFFS, com uma relação candidato/vaga igual à da UFSC.  Neste mês de janeiro,  os nossos professores e servidores organizaram e executaram, pela primeira, sozinhos, a folha de pagamento de funcionários e professores da UFFS. E já há alguns meses estamos realizando pregões e licitações, com recursos humanos da própria instituição. Estes são apenas alguns dos indicativos de que a missão que me foi dada pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, em fevereiro de 2008, qual seja, a de implantar a Instituição, está cumprida.  Há uma comunidade universitária constituída, o que significa dizer capacidade e inteligência suficientes, nos cinco campi, para levar adiante este maravilhoso projeto, um projeto que, pela sua natureza, estará sempre inconcluso.

Percebe-se em seus pronunciamentos um grande afeto em relação ao projeto da UFFS. Por quê?

Dilvo  - A importância da UFFS para o desenvolvimento da região ainda escapa à percepção de muitas pessoas, mas eu nunca tive dúvidas de que este era e é um projeto a ser defendido de unhas e dentes. Sempre tive a clareza de que estava participando da criação de uma instituição que será uma das mais importantes da região sul do Brasil e que, certamente, terá enorme impacto sobre a vida das pessoas, a economia e a cultura da região,colocando uma grande quantidade de recursos humanos e financeiros a serviço da sociedade. Pela bela história de sua criação e pela sua importância acadêmica, científica e social, é impossível não sentir um profundo afeto pela UFFS.

A Universidade já nasceu inovadora (com o uso das notas do ENEM para o processo seletivo, com o fator escola pública, com a eleição de áreas prioritárias) e com um ligação umbilical com a região onde está inserida. Como chegou-se a este projeto de Universidade?

Dilvo  - Foi um processo longo de debates com muitas pessoas e forças representativas da sociedade, organizadas em torno do Movimento pró-UFFS. Todos em geral defendem a democratização do acesso à educação superior pública, mas poucos sabem como fazê-lo.  Para chegarmos à fórmula que adotamos, prestamos muita atenção ao que diziam os dados da educação básica e superior brasileira. A minha passagem pelo INEP me ajudou muito neste processo. Com os dados em mãos, construímos a fórmula que a um só tempo representa uma visão sistêmica da educação e é capaz de eliminar a grande injustiça ainda vigente em muitas universidades públicas, de transformar os 11% do ensino médio privado em cerca de 80% no ensino superior e em alguns cursos de graduação em até 92%. É impossível dormir tranquilo com tamanha injustiça; seria inaceitável criar uma instituição nova, preservando aberrações como estas. Isto explica a fórmula adotada.

Como o senhor avalia estes dois anos à frente da UFFS?

Dilvo - Como extremamente exitosos. O primeiro ano foi de preparação: gestões para aprovar a lei, gestões para garantir concursos, gestões para garantir recursos, enfim, gestões nas frentes política, administrativa e acadêmica. Foi um  trabalho diuturno, quase invisível, que envolveu centenas de pessoas. O segundo ano foi o ano da visibilidade, com as salas de aula cheias de alunos, com professores e servidores téncio-administrativos assumindo os seus postos, com a comunidade acadêmica se constituindo de fato.  Dei um último passeio pelo campus de Chapecó, ontem pela manhã, e devo dizer que saí muito feliz ao ver o campus tão bem organizado, com professores e técnicos, fora de horário de expediente, profundamente envolvidos com a preparação do segundo ano letivo.

O que lhe dá orgulho de ter conseguido para a UFFS, nestes dois anos?

Dilvo  - Tenho orgulho do trabalho como um todo, das coisas grandes e pequenas, da obra realizada. Nos últimos dois anos tiramos a universidade do zero Kelvin e a levamos à fervura. Como nada existia, tudo teve que ser feito, desde a aquisição de terrenos, compra de prédios, definição de cursos, vagas, abertura de concursos com regras próprias, até a definição da logomarca, a criação da página eletrônica, a criação do Informativo Semanal e do Boletim Oficial. Num processo tão complexo e novo, tudo é importante. Mesmo assim, eu talvez destacaria que poder iniciar as aulas em março de 2009, seis meses após a minha posse, com servidores e professores concursados e nomeados, sem um único professor substituto, me deixou extremamente feliz.

Em muitas de suas falas,  o senhor comentou que estava preparando Jaime Giolo ser o reitor da UFFS e dar continuidade ao trabalho. Chegou a hora?

Dilvo  - Chegou! Convidei o professor Giolo para ser meu vice já pensando na continuidade do trabalho. Jaime Giolo é da região, pertence ao quadro permanente de professores da UFFS, com um currículo invejável, e eu o conheço há muitos anos pelo trabalho que realizou no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – INEP, onde trabalhamos juntos, à frente da Diretoria de Estatísticas e Avaliação da Educação Superior. Giolo, um trabalhador incansável, conhece como poucos o sistema educacional brasileiro, tem bons contatos em muitos ministérios e saberá colocar esta sua experiência a serviço da UFFS. Tenho a convicção de que deixo a UFFS em boas mãos e que o projeto continuará avançando no mesmo ritmo dos últimos dois anos.

O que o professor Dilvo Ristoff leva desta experiência e desta região?

Dilvo  - Levo a própria experiência de construção de uma nova universidade. Creio que poderia hoje implantar outras com menos dificuldade, pois conheço hoje melhor os atalhos que nos fazem ganhar maior agilidade. Por isso mesmo, agradeço sempre ao presidente Lula e ao ministro Haddad pela oportunidade que me deram de liderar este processo de implantação da UFFS. Levo da região, que é minha região de origem, muitos amigos, a satisfação de ter contribuído para o seu desenvolvimento e um profundo sentimento de gratidão pelo apoio recebido ao longo dos últimos dois anos. Deixo a UFFS e a região com um aperto no coração, mas com o sentimento de ter cumprido plenamente a missão que me foi dada.