Publicado em: 31 de janeiro de 2023 08h01min / Atualizado em: 31 de janeiro de 2023 16h01min
Acaba de ser publicado o livro “Meu olhar bonito: histórias de vida de professores/as indígenas”, que possui a colaboração de três acadêmicos indígenas da UFFS – Campus Erechim, do curso de licenciatura Interdisciplinar em Educação do Campo: Ciências da Natureza. Joel Kuaray Pereira, Nemias Núnc-Nfôonro e Romário Pifynh dos Santos compartilham suas trajetórias acadêmicas e profissionais na obra organizada pelas professoras Solange Todero Von Onçay (UFFS), Leonice Aparecida de Fátima Alves Pereira Mourad (UFSM) e Hellen Cristina de Souza (Centro de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação Básica do Estado do Mato Grosso – Cefapro).
O livro é parte de uma trilogia que decorre da preocupação das organizadoras em contribuir com a formação de professores que atuam, principalmente, em três modalidades: Educação do Campo, Educação Escolar Indígena e Educação Quilombola. O esforço foi de contribuir para dar visibilidade à trajetória formativa, tanto acadêmica como não acadêmica, desses educadores indígenas, quilombolas e camponeses.
Versão digital do livro está disponível gratuitamente no site da editora
As duas primeiras obras da trilogia, organizadas por Leonice e Hellen, tratam sobre quilombolas e camponeses. Já em “Meu olhar bonito”, o desafio foi de pensar especificamente na trajetória de professores indígenas.
- Imediatamente lembramos do curso de licenciatura Interdisciplinar em Educação do Campo da UFFS, que recebe predominantemente estudantes indígenas, com o propósito destes constituírem-se como educadores indígenas. A partir desta especificidade do curso ofertado pela UFFS, acabamos constituindo a parceria – contam as professoras.
- O Mato Grosso tem uma tradição muito forte em formação de professores indígenas e a ideia era trazer essa experiência para o Rio Grande do Sul, no sentido de contemplar e fortalecer a experiência dessa modalidade. Nesse meio tempo, acabamos estabelecendo contato com educadores de outros contextos da América Latina, e convidamos estes para trazerem suas memórias, sua trajetória formativa. Assim, cada uma de nós três ficou com uma incumbência. Na UFFS, a professora Solange Todero Von Onçay foi monitorando e acompanhando a produção por parte destes estudantes licenciados e licenciandos, que se dispuseram participar, e as professoras Leonice e Hellen monitorando efetivamente as produções do Mato Grosso e com produções de alguns países da América Latina.
Conforme as três organizadoras da obra, o livro tem uma grande importância na perspectiva de que a população, os acadêmicos não indígenas e também os professores não indígenas percebam a singularidades, as especificidades, os desafios e a potência da formação e da escolarização de docentes indígenas.
- A obra coloca também os estudantes, especificamente os três egressos da UFFS, numa rede mais ampla de educadores, que é a Rede Internacional Latino Americana que pensa essas questões e obviamente tem um impacto significativo. Esses grupos, que historicamente tiveram sua trajetória invisibilizada, hoje se apropriam da universidade, se apropriam da formação de professores e têm uma contribuição importante, devendo começar a acessar a pós-graduação. No que diz respeito aos estudantes de Mato Grosso, uma parte significativa já está na pós-graduação porque também desenvolvemos um projeto da equidade na pós-graduação. É muito importante que a comunidade acadêmica perceba, identifique e reconheça esta conquista e obviamente a importância regional é expressiva.
A escolha dos relatos se deu a partir de convite aos acadêmicos e docentes indígenas. A professora Solange fez convites aos estudantes da UFFS, e as professora Leonice e Hellen fizeram aos seus contatos no Centro-Oeste e também da Rede Latino Americana.
- Nosso propósito não era pautar os relatos deles. Nós queríamos que os relatos trouxessem a vida pessoal, acadêmica e profissional, mas que obviamente fosse a narrativa própria do grupo. Por isso que as narrativas que encontramos no livro são absolutamente diferenciadas: porque cada um prioriza um aspecto, evidencia uma dimensão, a partir de sua significação de sua memória. A ideia era reconstituir estes memoriais – contam as professoras.
Os acadêmicos da UFFS que assinam capítulos do livro são os seguintes:
Joel Kuaray Pereira: professor Guarani da Escola Vicente Karaí Okenda, em Erebango - RS, Aldeia Arandu Verá, localizada na Terra Indígena Mato Preto;
Nemias Núnc-Nfôonro: professor da Escola Estadual Indígena de Ensino Médio FágKavá, Terra Indígena da Serrinha, Linha Pedras Brancas, em Ronda Alta - RS; e
Romário Pifynh dos Santos: professor Kaingang de Educação Física, leciona na Escola Estadual Indígena de Ensino Médio NãnGa, localizada em Irai – RS.
A obra está disponível gratuitamente em versão digital no site https://quipaeditora.com.br/professores-indigenas.
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