COEPE: confira o que os GTs apresentaram no Seminário de Socialização
Todas as considerações serão agora sistematizadas em um único documento, a ser apresentado na Plenária Final

Publicado em: 04 de setembro de 2017 14h09min / Atualizado em: 05 de setembro de 2017 17h09min

A UFFS – Campus Erechim realizou, nos dias 31 de agosto e 1º de setembro, o Seminário de Socialização dos Grupos de Trabalho (GTs) da II Conferência de Ensino, Pesquisa e Extensão (COEPE). Em dois dias de evento, foram abordados 11 dos 12 eixos temáticos definidos na Audiência Pública realizada em abril.

Os diferentes GTs tiveram por objetivo discutir, sistematizar e elaborar propostas para as políticas e ações de Graduação, Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura e a atuação da UFFS na Mesorregião da Fronteira Sul. As atividades dos grupos iniciaram em junho e foram construídas a partir de reuniões, fóruns e outros momentos de debates que incluíram, além dos membros da comunidade acadêmica, representantes de diferentes segmentos da comunidade regional.

No evento, cada equipe relatou como foram construídas as atividades dos grupos nos últimos meses. Depois elencaram suas demandas, conclusões e propostas.

Na quinta-feira, durante a abertura, o coordenador administrativo do Campus, Guilhermo Romero, recordou como foi feita a definição dos eixos temáticos na Audiência Pública. Antes dos grupos iniciarem seus relatos, Flavinho Barcellos e seu filho Jader fizeram uma apresentação cultural com violões e violino.

O diretor Anderson Ribeiro destacou que a escolha pela forma com que os GTs foram construídos resultou na qualificação dos debates, realizados pelos diferentes atores que participaram. Ribeiro também justificou que a falta de interesse das pessoas em participar das ações desenvolvidas pode ser creditada ao atual cenário brasileiro, o que desmotiva as discussões no âmbito da educação federal.

O primeiro grupo a apresentar os trabalhos foi o GT Consolidação e Expansão. Como propostas para a COEPE, a equipe sugeriu: referendar os documentos que estabelecem os cursos prioritários a serem implantados nos próximos anos, incorporando o Plano de Desenvolvimento do Campus nos anais da Conferência; duplicar a capacidade de infraestrutura, cursos, Ensino, Pesquisa e Extensão; fazer com que a Instituição assuma um caráter mobilizador para a efetividade do Plano Nacional de Educação; sistematizar um posicionamento da COEPE contra o contingenciamento de recursos, entre outros.

O GT Inclusão e Ações Afirmativas destacou que os cursos da Instituição terão um aumento significativo de pessoas com deficiência nos próximos semestres. A equipe também apontou a dificuldade da Universidade no atendimento à população indígena, principalmente devido à questão da linguagem – uma vez que o português nem sempre é a primeira língua dessas pessoas. Foi proposta a criação de um curso de Língua Portuguesa e o aumento no número de servidores do Setor de Acessibilidade como ações para evitar a evasão. A ampliação das discussões sobre inclusão junto a todos os servidores da Instituição, para que eles possam melhor atender todos os públicos, também foi sugerida.

O Grupo de Trabalho Universidade, Sociedade e Formação Crítica promoveu um fórum para debater as temáticas do eixo. Desta ação, foram definidas propostas como: maior interação entre a Instituição e a comunidade; valorização da Extensão como um elo entre a UFFS e a sociedade; a necessidade de se fazer uma constante autocrítica, principalmente em relação às políticas de permanência; etc. No evento promovido pelo GT, foi destacado que o aumento no número de alunos não foi acompanhado por ações para a permanência deles na Universidade. A necessidade de que a Instituição não seja só contestatória ou adesista, mas engajada socialmente, também foi defendida.

A taxa considerável de evasão do Campus foi um dos apontamentos do GT Acesso, Permanência, Moradia Estudantil, Retenção e Evasão. A equipe partiu de uma reunião com cerca de 30 acadêmicos para elencar as demandas dos estudantes. O GT relatou que os editais para os auxílios socioeconômicos exigem, muitas vezes, documentos de difícil acesso para os alunos que acabam de ingressar na Universidade – muitos nem mesmo os têm, apesar de preencherem todos os requisitos para acesso aos benefícios. Na reunião feita com os acadêmicos, segundo o GT, muitos citaram o preconceito racial, de gênero e etnia sofridos por quem vem de outras regiões. O aluguel caro em Erechim, a burocracia na locação de imóveis e o transporte urbano que não passa por muitos dos bairros periféricos do município foram outras queixas expostas. O GT, por fim, propôs: a manutenção e a ampliação dos auxílios socioeconômicos e bolsas de iniciação científica e de monitoria; mais servidores para atuar nos setores que prestam atendimento em assuntos da assistência estudantil; necessidade de levantamentos dos índices e causas de evasão; retomada de debates sobre moradias e repúblicas estudantis; e ações institucionais de acompanhamento e acolhimento dos estudantes desde o momento da matrícula.

Na sequência, foi a vez do GT Agricultura Familiar e Agroecologia compartilhar as suas discussões. A equipe foi mais uma que desenvolveu um fórum temático – no total, 24 representantes de diversas entidades, incluindo sindicatos rurais, participaram do encontro. Foi elencada como uma necessidade o reconhecimento, pela universidade, do saber popular. A equipe apontou que a Agroecologia permanece distante dos agricultores, sendo um assunto ainda muito restrito à academia. Foi observado que muitos trabalhadores do campo permanecem com dificuldades em fazer a implantação da Agroecologia. Como proposta, o GT sugeriu: a criação de um grupo de Extensão em Agroecologia no Campus; o mapeamento de entidades que trabalham com sistema de base agroecológica, para saber como a Universidade pode auxiliá-las; e a construção de uma experiência piloto para demonstrar a viabilidade da agricultura agroecológica, através da instalação de um sistema em uma área experimental da UFFS.

O Grupo de Trabalho Gestão, Cooperativismo, Economia Solidária e Desenvolvimento Social realizou uma feira, no Saguão do Bloco A do Campus, como uma experiência para disseminar o conceito de economia que não se baseia na lógica do lucro. Dar continuidade à realização do evento foi uma das propostas da equipe, que também sugeriu debater com maior profundidade, junto com a comunidade acadêmica, a consciência de como a Instituição surgiu: através dos movimentos sociais. Aproximar os estudantes do cooperativismo e formar um grupo sobre o assunto também foi proposto.

O último GT do primeiro dia foi o grupo Relações Étnico-raciais, Diversidade Sexual e de Gênero. A implantação, nas ações de Extensão e Cultura da Universidade, de iniciativas que incorporem o calendário de datas que marcam os movimentos sociais – como o Dia da Consciência Negra e o Dia Internacional do Orgulho LGBT – foi uma das ideias propostas. Foi sugerido também que a Instituição avance no diálogo entre essas temáticas junto aos conteúdos de algumas disciplinas, especialmente nos cursos de Licenciatura.

Segundo dia

Na sexta-feira, dia 1º, outros quatro GTs prosseguiram com as explanações. O grupo de Educação Básica e Formação de Professores iniciou falando sobre um encontro realizado com gestores educacionais da região e acadêmicos dos cursos de Licenciatura do Campus. De acordo com a equipe, as redes de ensino enxergam a UFFS como um grande potencial para parcerias. Porém, é necessário fortalecer as ações de Extensão, fazendo com que a Universidade contribua na solução de demandas existentes. O GT apontou que é necessário dar uma ênfase maior na prática docente dos licenciandos e que os estágios precisam contemplar, além da docência, a gestão educacional.

O Grupo de Trabalho Meio Ambiente, Sustentabilidade e Energias Renováveis alertou sobre a baixa efetividade das políticas públicas ambientais na região. É necessário atentar para a expansão urbana que não valoriza os potenciais ambientais. Em outro ponto, a equipe destacou que a Universidade produz conhecimento na área ambiental, mas esta ainda não se difunde na sociedade. Qualificar o tratamento dos resíduos é um dos desafios da nossa região. Além disso, é preciso inserir a Universidade no debate das políticas públicas, atuando em comitês. A UFFS tem potencial para produzir soluções e tecnologias ambientais, mas é necessário estabelecer mais parcerias com órgãos governamentais.

Por fim, o GT Direitos Humanos, Cidadania e Movimentos Sociais discutiu os problemas relativos à concepção da UFFS como universidade popular, especialmente aquelas que defendem a universidade como fator endógeno exclusivo do desenvolvimento local. A equipe sugeriu que o investimento em assistência estudantil precisa se tornar uma pauta estruturante da UFFS. A institucionalização do Programa de Ingresso aos Alunos Indígenas (PIN) e da Comissão de Direitos Humanos é outra necessidade, garantindo que recursos e servidores sejam alocados para esses setores, garantindo, assim, o atendimento às demandas que lhe são dirigidas. O GT sugeriu também que seja elaborada uma programação permanente de ações de reconhecimento da diversidade no Campus, além da participação de representantes dos movimentos sociais em todos os conselhos, colegiados e demais estruturas de debate da Instituição.

Plenária final

Todos os apontamentos dos GTs serão agora sistematizados em um documento a ser apresentado na Plenária Final da II COEPE, que acontecerá em Chapecó-SC. A princípio, o evento aconteceria nos dias 14 e 15 de setembro, porém a Comissão Geral optou por uma nova data, a ser divulgada em breve.