Linhas de Pesquisa

O GENVI possui três linhas de pesquisa, são elas:

i) Geografia, Questões de Gênero e Sexualidade
Trata-se de uma linha que se desdobrará em projetos de pesquisa, ensino, extensão e cultura que abordará diferentes temáticas sobre mulheres no espaço urbano, maternidade, políticas universitárias, gênero e sexualidade no espaço escolar/universitário e na ciência geográfica.
Seu escopo articula temáticas com relevantes impactos sociais que ainda possuem pouca visibilidade acadêmica. Concebemos o gênero e sexo como construções sociais permanentes. No entanto, assumimos o compromisso de nos aprofundar na compreensão dos conceitos a partir das realidades que analisaremos, mas, por vezes trabalharemos a categoria "mulheres" relacionada à representação de papéis desempenhados por corpos femininos sob a hegemonia da heteronormatividade.
De modo semelhante, as questões relacionadas especificamente às mulheres e maternidade também são temáticas para nossas investigações. Considerando as contradições dialéticas que se manifestam na vida cotidiana de mulheres, de mães na universidade e nas condições da produção do conhecimento científico, propomos desenvolver diagnósticos e proposições centradas na construção de possibilidades e visibilidades sobre os desafios da maternidade na e com a Ciência, na busca por justiça social.

ii) Natureza e Psique Humana
Com o intento de produzir investigações de cunho teórico, esta linha tem um objetivo revisionista do conceito de Natureza no pensamento ocidental. Seu foco estará sobre problematizações oriundas dos descompassos entre concepções da Natureza, historicamente produzidas e herdadas da Filosofia e das Ciências, e modos de apropriação e uso dos elementos naturais que passaram a ser classificados como recursos econômicos.
A contemporaneidade é marcada por discursos contraditórios sobre a Natureza e, principalmente, sobre as práticas necessárias à sua conservação. Um dos exemplos são as palavras de ordem da sustentabilidade e das práticas político-econômicas que se realizam de maneiras questionáveis: enquanto se pretende salvaguardar recursos para o futuro, gerações de crianças passam fome nos países periféricos; enquanto as grandes corporações traçam supostas agendas conservacionistas e agregam valor a seus produtos, os índices de poluição industrial nunca foram tão altos.
Por outro lado, há aquelas visões oriundas das posturas catastrofistas que postulam a Natureza como aterradora ou vingativa, uma vez que os seres humanos a desrespeitam e, por isso, as consequências são desastrosas. Entre os discursos de proteção ou de pavor, cabe realizar pesquisas que versem sobre a internalização da Natureza na psique humana.
A partir de leituras da Psicanálise e do entendimento do conceito de "neurose" como conflito mental provocado por emoções contraditórias na psique, pretende-se compreender os motivos que fazem com que os seres humanos estabeleçam mecanismos de defesa, controle ou indiferença quando se trata de pensar na magnitude da Natureza em contraponto à efemeridade da vida.

iii) Geografia Social e Cultural, cotidiano e representações
A presente linha busca desenvolver uma abordagem que, sob o horizonte de diferentes temáticas de pesquisa e extensão, em contextos rurais e urbanos, articule a produção do espaço com as contribuições dos estudos culturais e leituras a partir dos sujeitos. Assim, a linha intenciona compreender, partindo desse ponto de vista, as relações estabelecidas entre espaço, sociedade e cultura; o percebido, o concebido e o vivido; o material, o social e o mental; a ação, o pensamento e a experiência.
Trata-se de uma linha que parte da compreensão de que as interpretações a respeito das dinâmicas da natureza e das relações sociais, de pessoas, objetos e acontecimentos - elaborados por grupos, classes, sujeitos - são elementos fundamentais à organização, regulação e transformação do espaço. De mesmo modo, compreende-se que o espaço, em sua diversidade, é reconhecido como meio de afirmação de identidades, pertencimento e expressões do sentir e do viver. Assim, este, como meio capaz de comunicar e compartilhar, é provocador das ações, de vivências e de experiências.
A linha assume que a cultura é produto e produtora de relações espaciais. Ela é potencial desveladora das dinâmicas da natureza e da sociedade, por meio do compartilhamento de significados, representações coletivamente elaboradas (expressos em palavras, símbolos, imagens, histórias narradas, emoções, desejos, modo de classificar e conceituar, etc), os usos e os modos nos quais as "coisas" são integradas na vida cotidiana.