Publicado em: 25 de março de 2024 12h03min / Atualizado em: 25 de março de 2024 12h03min
Qualificar quem trabalha com pessoas com transtornos mentais e em função do consumo de substâncias psicoativas, discutir temas correlatos e trocar experiências. É assim que o curso de Enfermagem da UFFS – Campus Chapecó tem contribuído com os profissionais da área no Oeste catarinense.
Anualmente os professores do curso, Anderson Funai e Marcela Martins Furlan de Léo, desenvolvem projetos extensionistas, de pesquisa e atividades de ensino pautados na reabilitação psicossocial. O objetivo é agregar conhecimento e tecnologias de cuidado aos serviços de saúde e saúde mental, que, conforme a professora, cotidianamente, se deparam com o adoecimento psíquico da população, crises psiquiátricas, tentativas de suicídio, intoxicações por substâncias psicoativas e os variados efeitos destas condições para a saúde, para a sociedade e para o desenvolvimento humano, em geral.
Neste ano, já iniciaram os encontros do Grupo de Estudos Cuidado Ampliado em Saúde Mental. Na primeira reunião, aconteceu uma mesa-redonda sobre o fluxo da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) da região macro Oeste de Santa Catarina e correspondências com as políticas públicas contemporâneas de Saúde Mental. Foram convidadas a enfermeira na Gerência da Atenção Especializada de Chapecó, Andrea Mocellin, a gerente de Saúde da 4° Gerência Regional de Saúde de Chapecó, Otília Cristina Coelho Rodrigues, e a coordenadora da Central de Regulação de Leitos hospitalares da SES, Aires Peruzzo.
Em 2023, o grupo de estudos colaborativo e projeto de qualificação profissional permanente foi oferecido em sete encontros, mensais, com cerca de cinquenta profissionais de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), enfermarias psiquiátricas em Hospitais Gerais e da Atenção Primária, provenientes de municípios da região.
Segundo a professora Marcela, os temas abordados disseram respeito ao atendimento psicológico pós infecção por COVID 19, ao manejo clínico de emergências psiquiátricas, com destaque ao risco de suicídio, tentativa de suicídio e classificação de risco psiquiátrico, sustentados por Boas Práticas em Saúde Mental. O grupo de estudos também recebeu convidados: Manolo Augusto Kottwitz abordou o tema - considerado desafiante - da saúde mental de pessoas em situação de rua em situação de dependência química; e Cassíntia Gazarotto, que explorou o manejo do sofrimento psíquico em crianças e adolescentes, ambos profissionais integrantes da Rede de Atenção Psicossocial de Chapecó.
A professora explica que o grupo colaborativo pretende oportunizar, em caráter permanente, o diálogo analítico, reflexivo e crítico a respeito de tecnologias de Cuidado Ampliado/ Cuidado Centrado na Pessoa, sustentadas por evidências científicas, experiências exitosas e por referências teórico filosóficas e metodológicas reformistas em saúde mental.
O grupo de estudos foi idealizado e organizado em 2021 pelas professoras Marcela Martins Furlan de Léo (UFFS) e Marta Kolhs (Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC) e pela Comissão de Integração Ensino-Serviço (CIES) da Região Oeste de Santa Catarina, representada pela Gerente Regional de Saúde de Chapecó, Otilia Cristina Coelho Rodrigues, e pela articuladora da CIES, Kelen Freitas de Oliveira. Na versão de 2023, a equipe de organização do Grupo de Estudos Cuidado Ampliado em Saúde Mental teve outros três profissionais com expertise na área e que conhecem fortemente a rede de saúde na região: a assistente social do CAPS AD III, Zaida Castro de Siqueira; o médico psiquiatra do CAPS AD III, Renan Luiz Tamiozzo; e o psicólogo do CSF Efapi e professor de psicologia pela UCEFF, André Figueiredo Pedrosa.
Projeto Saúde Mental para Enfermeiros da Atenção Primária
Outra intervenção extensionista, protagonizada pela professora Marcela e pelo professor Anderson Funai, foi o Projeto Saúde Mental para Enfermeiros da Atenção Primária. Nele, 18 enfermeiros da Atenção Primária de Chapecó participaram de um curso de 40 horas, em resposta a uma demanda da Secretaria Municipal de Saúde.
O tema principal da formação foi o manejo clínico de Enfermagem junto a pessoas em sofrimento psíquico. A professora Marcela explica que o curso teve um referencial teórico filosófico que se adequou à realidade dos enfermeiros da Atenção Primária: A Teoria das Relações Interpessoais de Hildegard Peplau e Joyce Travelbee/ O Cuidado Centrado na Pessoa e A Clínica Ampliada.
“O ponto de destaque da proposta foi oferecer 20 horas teóricas e 20 horas de Supervisão Clínica, em que os enfermeiros eram provocados a aplicar as tecnologias de cuidado trabalhadas no campo teórico, junto a pacientes de sua realidade de trabalho, na prática clínica no território”, comenta ela. Assim, conforme este formato proposto, os enfermeiros participantes atenderam à clientela que apresentou demandas de saúde mental, utilizando-se dos pressupostos de Managed Care, descreveram e relataram sua experiência de atendimento, semanalmente, junto ao grupo, nos dias previstos para o curso.
“No momento de Supervisão Clínica, eu e o professor Anderson facilitávamos um processo dialógico para análise das intervenções, agenciando possibilidades para construção de um cuidado progressivo, potente e emancipatório. As experiências relatadas foram instigantes e o processo formativo revelou o aprimoramento do cuidado ampliado desenvolvido pelos enfermeiros, mediado pelo relacionamento interpessoal em enfermagem em Atenção Primária”, destaca ela.
Os professores apontaram que a avaliação do projeto pelo público-alvo foi positiva e propositiva para novas ações desta natureza. Os participantes destacaram o protagonismo dos enfermeiros no processo formativo, em que reconheceram sua responsabilidade e sua potência no manejo clínico em saúde mental na comunidade.
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