UFSC assina termos de transferência patrimonial para a UFFS

Publicado em: 26 de abril de 2016 09h04min / Atualizado em: 10 de janeiro de 2017 16h01min

A reitora e a pró-reitora adjunta de Administração da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Roselane Neckel e Lúcia Mariah Loch Goés, respectivamente, estiveram na UFFS na última segunda-feira (26). O objetivo da visita foi a assinatura, entre as duas instituições, de escrituras públicas de doação das áreas das terras onde estão instalados os campi Erechim e Cerro Largo.

Os terrenos em questão ainda permaneciam sob o CNPJ da UFSC. O reitor da UFFS, Jaime Giolo, enalteceu a parceria entre as universidades e explicou a assinatura dos termos. “Na época de criação da UFFS, as prefeituras doaram terrenos para que a Instituição pudesse iniciar seus campi. Como a UFFS ainda não tinha personalidade jurídica, a UFSC, como nossa universidade tutora, assinou os termos de recebimento das áreas, comprometendo-se a passar para a UFFS quando fosse possível. Esses foram os últimos ajustes, agora os terrenos estão no patrimônio da UFFS. Mas essa parceria não termina aqui; continuaremos considerando a UFSC nossa universidade tutora, embora não seja de direito. Mas me refiro a ela como tutora para que possamos ter referência na história da UFSC. Na história que ela construiu ao longo de décadas, traçando um conceito de grande expressão no fazer Ensino Superior no cenário nacional”.

Campus Cerro Largo

Em Cerro Largo, o termo foi assinado pelo vice-reitor da UFFS, Antônio Andrioli, e pela pró-reitora ajunta de Administração da UFSC, Lúcia Mariah Loch Goés. Com a assinatura, as três áreas pertencentes ao Campus Cerro Largo estão oficialmente com escrituras em nome da UFFS. Para o diretor do Campus, Ivann Carlos Lago, “embora do ponto de vista formal se trate apenas de uma assinatura, visto que a área já está sob os cuidados do Campus desde 2010, a transferência definitiva da escritura tem um significado muito grande, para a UFFS e para o Campus Cerro Largo. Ela coroa o trabalho feito nos últimos anos de construção do nosso Campus, que cada vez mais se consolida, tanto interna quanto regionalmente. Essa questão da escritura era a última pendência formal do Campus, que agora, além de estar com toda sua estrutura básica construída e funcionando, também está com toda sua situação burocrática em dia”.

Campus Erechim

Em Erechim, assinaram o termo o reitor da UFFS, Jaime Giolo, e a reitora Roselane Neckel. O Campus aproveitou a passagem dos reitores para organizar um colóquio, aberto a toda a comunidade acadêmica, com o tema “Educação superior no contexto atual”. Segundo o diretor do Campus, Anderson Genro Alves Ribeiro, a escolha do tema se deu pela atualidade e relevância para toda a Instituição e para a sociedade brasileira como um todo. “A Educação Superior vem passando por transformações nesses últimos 15 anos. Os avanços no sentido de uma educação como direito são inegáveis, e a UFFS é uma prova concreta disso. Nesse período muitas universidades foram criadas e houve expansão nas já existentes, aumentando significativamente a oferta pública de Ensino Superior. Com isso também vieram novos desafios, como a ocupação das vagas ofertadas e, principalmente, a mudança de paradigma que é uma universidade fora de cidades grandes. Essa nova estrutura educacional do Brasil chega aos dias atuais com uma conjuntura política adversa à consolidação de direitos sociais e põe novos desafios ao Ensino Superior com cortes de verbas e o fantasma da precarização das instituições como ocorreu na década de 1990. Por isso é importante que conversemos sobre o tema, como é o caso do colóquio organizado para esta segunda-feira”, afirma.

Giolo afirma que é sempre um grande risco tratar de assuntos da atualidade, pois eles mudam com muita frequência. “Todos os dias temos novidades. Mas é bom conversar, trocar ideias. É primordial que façamos reflexões sobre cenários possíveis, pois o fato é que vivemos um momento importante da vida nacional. É também um momento difícil, que carrega preocupações da maior envergadura e por isso precisamos discutir com civilidade e tranquilidade, pois essas bolhas da história costumam afastar para o fundo da intimidade das pessoas a parte mais racional e lúcida das coisas e deixam aflorar as paixões, as crenças, os dogmas e os preconceitos. Dessa forma, entendo que a academia tem que dar sua contribuição mais efetiva no terreno das contribuições mais desapegadas dessas crenças para ver se enxergamos para além do nevoeiro”, afirma Giolo.

Roselane dirigiu sua fala para a mesma linha de Giolo, apontando que o papel da universidade, em momentos como esse, é o de questionar. “Qual é a função da universidade pública em todo mundo? As universidades foram criadas, já no período medieval, como um espaço de reflexão e produção do conhecimento que visava contribuir para o desenvolvimento da sociedade onde essas universidades estavam inseridas. Para além de ser esse espaço, a universidade também assume uma postura de constante questionamento, pois o que diferencia o espaço universitário dos demais espaços sociais é justamente porque nós somos o reflexo da sociedade e temos como função questionar essa sociedade, questionar o senso comum”, pontua.

Durante suas colocações, a reitora comentou sobre o papel ocupado pela universidade e pelos meios de comunicação nesse processo. “Não devemos pensar a universidade como espaço de somente formação acadêmica para conteúdos técnicos, mas como local de formação de cidadãos. O grande desafio é que nosso olhar não seja um olhar horizontal, que eu não me convença com a primeira notícia, primeira informação, primeira fala, mas que pense e reflita de forma horizontal, que façamos comparações. É essa a oportunidade que a universidade deve garantir e prezar.”