Primeira dissertação do Mestrado em História será defendida na segunda-feira (16)
Tema do trabalho é a trajetória da vida do ex-vereador Marcelino Chiarello

Publicado em: 13 de abril de 2018 10h04min / Atualizado em: 14 de abril de 2018 10h04min

Na segunda-feira (16), às 14h30, no Auditório do Bloco da Biblioteca, será realizada a primeira banca de defesa de dissertação do Mestrado em História. Trata-se de dissertação apresentada pelo discente Cesar Capitanio, intitulada “Marcelino Chiarello: reflexões sobre uma trajetória de vida e significados de uma morte trágica”, sob orientação do professor Gentil Corazza e co-coordenação do professor José Carlos Radin. A defesa é aberta ao público.

De acordo com Capitanio, a escolha pelo tema partiu do fato da morte de Marcelino Chiarello ter sido um acontecimento bastante dramático da história política chapecoense, em que as contradições estão postas, nas narrativas acerca da materialidade desta morte. “E a trajetória de Marcelino ganha nova dimensão enquanto fato histórico, justamente pela enorme repercussão de sua morte”, afirmou.

A pesquisa, de acordo com ele, teve como objetivos analisar a trajetória política de Marcelino Chiarello, buscando compreender os processos políticos históricos de Chapecó, a hegemonia de poder das elites chapecoenses assentadas no modelo mandonista/coronelista e buscando paralelos entre os contextos temporais diferenciados como o linchamento de 1950, a cassação do prefeito Sadi de Marco, as ameaças aos Bispos Dom José Gomes e Dom Manoel Francisco e a morte de Marcelino. “Também procurei identificar a influência de Dom José Gomes na formação política e teológica de Marcelino, analisar a atuação política dele, seja nos cargos políticos que teve nos mandatos dos ex-prefeitos José Fritsch e Pedro Uczai, seja nos dois mandatos de vereador, analisar as versões acerca da sua morte e analisar as ações do Fórum em Defesa da Vida, por meio de todas as manifestações que visam sustentar a narrativa da materialidade da morte de Marcelino pela tese de homicídio”, explicou.

Contribuições
Para Capitanio, a dissertação vem contribuir para a historiografia regional, por meio de reflexões sobre a vida e a morte de Marcelino, além de possuir uma contribuição social por valorizar um pluralismo de fontes, seja de publicações sobre o fato, matérias jornalísticas, além do próprio acervo sobre Marcelino Chiarello, no CEOM, e trazer reflexões que visem o fortalecimento da democracia, para que ela seja plena, plural e que se supere os resquícios do coronelismo.

Primeira defesa
O fato de ser o primeiro estudante do mestrado em História a defender a dissertação traz, para Capitanio, um sentimento de responsabilidade. “É uma responsabilidade, de valorizar a luta dos movimentos sociais, que conquistaram esta universidade, e de um governo com alguma visão pelo fortalecimento da educação, em especial na lógica da interiorização do ensino público como fator de desenvolvimento regional”, afirmou.

Trajetória
De acordo com Capitanio, Marcelino Chiarello foi um líder político que teve em sua atuação a influência do Bispo Dom José Gomes, e dos elementos da Teologia da Libertação. Desta forma, quando vereador, sua atuação construiu relações com os movimentos sociais e com as comunidades. No papel fiscalizador de vereador, fez denúncias de casos de corrupção contra agentes políticos locais. E em 28 de novembro de 2011, é encontrado enforcado, sendo que o legista que faz o laudo cadavérico indica para homicídio, versão que sustenta até hoje.

Depois, explica ele, um laudo do Instituto Geral de Perícias (IGP-SC) e outro de equipe da Polícia Federal, indicaram para a tese de suicídio. Porém, um quarto laudo, feito por equipe de Medicina Legal da Universidade de São Paulo (USP), torna a indicar para homicídio. “E é nesta condição, que o Fórum em Defesa da Vida, constituído por um coletivo de entidades da sociedade civil, está em elaboração de um Julgamento Popular para o Caso Marcelino, pela tese de homicídio. Portanto, uma gama significativa da sociedade regional não concorda com os processos investigatórios oficiais. A trajetória não se encerra na morte, já que o nome de Marcelino vai ser lembrado em acampamento, em músicas, em livraria, no Centro de Referência de Direitos Humanos, e nas publicações, inclusive em uma que o insere, pelo viés religioso, no plano dos mártires”, concluiu.