Projeto de pesquisa da UFFS busca traçar perfil de crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista
Objetivo é promover a qualidade de vida da pessoa autista através do atendimento clínico nutricional oferecido pela Clínica-Escola de Nutrição do Campus Realeza

Publicado em: 07 de novembro de 2023 14h11min / Atualizado em: 07 de novembro de 2023 16h11min

A Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Realeza está iniciando um projeto de pesquisa que busca identificar o perfil das crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na cidade de Realeza. O objetivo é coletar informações para contribuir com o desenvolvimento de políticas públicas, além de promover a qualidade de vida da pessoa com TEA através do atendimento clínico nutricional oferecido pela Clínica-Escola de Nutrição da UFFS. O estudo conta com a parceria da Prefeitura de Realeza, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, da Associação de Pais e Amigos dos Autistas e dos neurodiversos de Realeza (APAAR), da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Realeza (APAE) e do Instituto Abraço, de Francisco Beltrão.

O primeiro passo é compreender as características do perfil sociodemográfico, histórico de saúde e nutricional de crianças e adolescentes diagnosticados com o transtorno. Para isso, os pesquisadores desenvolveram um questionário para coletar informações como idade, sexo, tempo de diagnóstico, nível de suporte, necessidades terapêuticas, presença de comorbidades e/ou doenças associadas, e condições alimentares, como alergias, intolerâncias e seletividade alimentar. Além disso, o projeto investigará o perfil socioeconômico dos pais e/ou responsáveis.

De acordo com a coordenadora da pesquisa, professora Márcia Fernandes Nishiyama, crianças e adolescentes com TEA, por exemplo, podem apresentar comportamentos alimentares seletivos, o que poderia ocasionar deficiências de micronutrientes essenciais, problemas gastrointestinais e ganho de peso. “Problemas alimentares são descritos como mais comuns em crianças com TEA, o que pode interferir na nutrição e na saúde dessas crianças, afetando o crescimento e desenvolvimento. Por exemplo, comportamentos alimentares problemáticos, como a seletividade alimentar, podem levar a pessoa autista a ter preferências por alimentos de baixa qualidade nutricional e alta densidade energética, rejeitando frutas, vegetais e grãos integrais”, explicou.

Ao identificar o perfil das crianças e adolescentes com TEA, a nutricionista da UFFS, Larissa da Cunha Feio Costa, uma das colaboradoras do estudo, diz que também será possível detectar possíveis casos que necessitem de atendimento nutricional especializado, oferecido gratuitamente pela Clínica-Escola de Nutrição da UFFS. “A partir do reconhecimento da demanda, as crianças e adolescentes com problemas alimentares/nutricionais poderão ser encaminhados para o acompanhamento na clínica, contribuindo para além do atendimento individualizado, com a criação de campanhas que visem à conscientização e prevenção de agravos à condição de saúde da criança com TEA”, enfatizou.

Para participar da pesquisa, os pais e/ou responsáveis de crianças e adolescentes com TEA devem preencher o formulário eletrônico https://bit.ly/teapesquisauffs. Também é possível participar presencialmente na Clínica-Escola de Nutrição da UFFS (Avenida Bruno Zuttion, número 4001, no centro de Realeza), com horários agendados previamente pelo telefone (46) 3543-8499. A privacidade dos participantes será respeitada, garantindo a confidencialidade das informações. O contato para dúvidas sobre o projeto de pesquisa está disponível no formulário.

Também há o envolvimento do curso de Administração Pública no projeto de pesquisa com a tabulação, a análise dos dados, além de sugerir possíveis recomendações para ações organizacionais de apoio aos portadores de TEA do município, em conjunto com a Clínica-Escola de Nutrição. “O levantamento contribuirá para a identificação de lacunas existentes no âmbito da oferta de serviços públicos de suporte aos portadores de TEA, o que poderá auxiliar na reflexão e no planejamento de estratégias que garantam o atendimento dos direitos dessa população e no desenvolvimento de políticas públicas”, comentou o professor do curso de Administração Pública, Tiago da Costa, outro colaborador.

O estudo conta ainda com a colaboração da professora Eloá Angélica Koehnlein, da nutricionista da UFFS Késia Zanuzo, e dos estudantes Chrisley Elaine Santos Costa, do curso de Ciências Biológicas e Jader de Santana, de Administração Pública.