PIBID Ciências do Campus Cerro Largo é objeto de estudo em dissertação de Mestrado

Publicado em: 07 de dezembro de 2016 11h12min / Atualizado em: 07 de dezembro de 2016 11h12min

Bolsista do PIBID de 2011 a 2014, a egressa da primeira turma do curso de Ciências Biológicas da UFFS – Campus Cerro Largo, Raquel Weyh Dattein, afirma que essa experiência foi significativa e marcante, pois vivenciou um processo dinâmico de aprendizagem na formação inicial, enquanto licencianda. Por isso, logo após sua formação na Graduação, decidiu se aprofundar em alguns aprendizados quando ingressou no Mestrado em Educação nas Ciências, na Unijuí. Seu projeto, intitulado “A mediação de escritas reflexivas compartilhadas na formação em Ciências no contexto de um processo de iniciação à docência”, foi orientado pela professora Lenir Basso Zanon (Unijuí). Teve como objetivo compreender as reflexões críticas, a chamada Escrita Reflexiva Compartilhada (ERC) de licenciandos bolsistas do PIBID Ciências (atual PIBID Ciências Biológicas) do Campus Cerro Largo e as consequências para a sua formação e transformação docente. “Nossas narrativas, como sistematização de práticas no Diário de Bordo (DB), contribuíram para desenvolvermos reflexões críticas sobre a iniciação à docência, bem como no compartilhamento de conceitos, palavras e saberes com os professores formadores nas ERCs”, lembra Raquel.

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Para sua análise, a mestranda utilizou os DBs pessoais de 13 pibidianos licenciandos do curso de Ciências Biológicas do Campus que participaram como bolsistas no período de julho de 2011 a outubro de 2013. Intervenções, em seus DB, de supervisoras (professoras da Educação Básica de Cerro Largo) e do professor formador da UFFS, também foram objeto de análise de seu estudo.

Raquel defende que a ERC é uma forma de o estudante, na formação inicial, pensar sobre sua ação, analisar e planejar, sendo crítico de suas ações. “A formação experienciada pelos bolsistas sinalizou uma modalidade que vai além da racionalidade técnica e prática, assumindo a prática, mas com visão crítica, retomada constantemente, aberta a novas reflexões, que possibilitam a constante problematização”, explica a mestranda.

Para o ex-coordenador do PIBID Ciências, atual coordenador do PET Ciências do Campus Cerro Largo e membro da banca de defesa do estudo, Roquel Ismael da Costa Güllich, a pesquisa é importante porque traz melhorias e sugestões para o subprojeto. “Além disso, resgata a importância de as escritas reflexivas serem compartilhadas e ainda de que sejam sempre mediadas pelo professor formador e professoras supervisoras”, explica o professor. Roque conta que utiliza o Diário de Bordo como professor, porque o constitui enquanto sujeito-professor: “é um instrumento que favorece a reflexão e, assim, a pesquisa da própria prática”. Segundo Roque, o aluno vai compreendendo e aderindo ao DB gradualmente, ou seja, “cada um a seu tempo”, sempre mediado pelos docentes do programa.

ERC: uma proposta de narrativa para a iniciação à docência

Para a pesquisadora, a escrita reflexiva crítica atinge dimensões que vão muito além daquilo que está no papel. “Havia um compartilhamento de ideias, saberes, conhecimentos entre os sujeitos de pesquisa e com outras pessoas e meios, que não são possíveis de mensurar. Defendemos e destacamos a ERC como um tipo de narrativa, na qual professor de escola e professor da universidade mediam reflexões críticas no DB, também indiretamente, porque mesmo eles não escrevendo, nas narrativas dos licenciandos, há influências do compartilhamento, das exigências de escrever nesses moldes”, argumenta Raquel.

Ela ainda propõe que os cursos de Licenciatura se utilizem da ERC como estratégia formativa em seus projetos pedagógicos, pois consegue manter uma “ligação com a escola, a fim de formar a tríade interativa com a universidade, sistematizar experiências, manter um diálogo formativo entre os pares. Os professores de universidade e de escola que venham a utilizar esta estratégia formativa em projetos pedagógicos, com vistas a desenvolver ERC, necessitam avaliar suas práticas pedagógicas, para posteriormente inferir na formação de seus alunos, a fim de minimizar os descompassos entre teoria e prática”, conclui.

Raquel defendeu sua dissertação no dia 04 de novembro deste ano.