Pesquisa aponta para o panorama da Extensão Universitária da UFFS – Campus Cerro Largo
A pesquisa revelou que as ações de Extensão estudadas envolveram um público estimado de 8700 pessoas.

Publicado em: 21 de setembro de 2017 16h09min / Atualizado em: 21 de setembro de 2017 17h09min

 

 

A Extensão Universitária como estratégia para o desenvolvimento regional foi o tema de uma pesquisa realizada no Campus Cerro Largo, pela mestranda do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Políticas Públicas (PPGDPP), Mariângela Brum Frota, orientada pela professora Enise Barth Teixeira. O estudo resgatou as ações extensionistas do Campus entre 2010 e 2016, e apontou que, neste período, cerca de 203 atividades entre programas, projetos e eventos foram realizados, dos quais 15 são de editais externos, 88 de editais Internos e 100 de Demanda Espontânea.

Para o estudo, foram selecionados dois programas e dois projetos de Extensão, com o objetivo de analisar duas realidades diferentes: um programa se diferencia de um projeto, entre outros fatores, pela amplitude das ações, os recursos financeiros e o público envolvido. Participaram da pesquisa os coordenadores dos programas e projetos, os gestores da UFFS – Campus Cerro Largo e da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PROEC), e participantes das ações de Extensão. Dentre as ações pesquisadas, estão dois programas realizados pelo Campus: o “Programa Institucional de Formação Continuada dos Trabalhadores em Educação da Região Macromissioneira – Noroeste do Estado do RS”, e “Processos e ações de Extensão da ITCEES: desafios e impactos para o desenvolvimento territorial sustentável e solidário das regiões Noroeste e Missões do Rio Grande do Sul”.

A pesquisa revelou que as ações de Extensão estudadas envolveram um público estimado de 8700 pessoas, e que a Extensão do Campus Cerro Largo está consolidada em três áreas: Formação de Professores; Agricultura, Agroecologia e Desenvolvimento Regional; e Cooperativismo e Economia Solidária. Os participantes dos programas/projetos manifestaram que essas ações podem proporcionar mudanças nos cenários e nas concepções de atuação dos envolvidos.

Para a mestranda, as principais contribuições para o desenvolvimento regional “ocorrem na medida em que a atividade colabora na formação acadêmica e profissional, integrando-se ao Ensino e à Pesquisa, possibilitando aos acadêmicos o exercício da sensibilidade com as demandas regionais. Somados a isso, a Extensão se revela também como lócus de interdisciplinaridade, agregando áreas distintas e colaborando para a modificação da forma de transmissão do conhecimento, que tradicionalmente tem a tendência de fragmentação. Por meio da aproximação de diferentes indivíduos, a Extensão pode promover a formação de sujeitos de mudança, trabalhando no sentido de transformação social”, explica.

Secundarização da Extensão Universitária

No entanto, o estudo mostra também que existe uma grande desvalorização da Extensão Universitária em relação ao Ensino e à Pesquisa. Os resultados apontam que os fatores que dificultam a sua operacionalização são os recursos restritos, a curta duração dos programas/projetos, menor pontuação requerida em eventos e publicações de Extensão, uma cultura acadêmica que evidencia a Pesquisa, secundarizando a Extensão, e a burocratização dos processos. “Uma atividade que é considerada a de maior relevância social no tripé Ensino/Pesquisa/Extensão é, ao mesmo tempo, inferiorizada. A UFFS é uma universidade popular que tem na sua gênese a característica da participação e da construção coletiva, e a Extensão, dos três pilares da academia, é o que tem mais proximidade com a sociedade, reafirmando o compromisso de produzir e socializar o conhecimento, inclusive com aqueles que estão além dos muros da universidade”, destaca Mariângela.

A acadêmica acrescenta que não é pretensão da Extensão resolver os problemas históricos da região, porém ela se coloca na perspectiva de buscar a integração de seu entorno, auxiliando na promoção do desenvolvimento regional. “Este estudo pretende colaborar no sentido de dar mais visibilidade à Extensão realizada no Campus Cerro Largo, e à transformação social que uma universidade federal pode promover numa comunidade, objetivando também a reflexão sobre os caminhos dessa atividade, podendo auxiliar subsidiariamente na Política de Extensão da UFFS”, finaliza.