Campus Cerro Largo realiza o primeiro Encontro da Agrobiodiversidade

Publicado em: 02 de setembro de 2015 09h09min / Atualizado em: 02 de setembro de 2015 09h09min

Reafirmar as tradições populares e ir de encontro à corrente das grandes indústrias: essas foram as duas grandes premissas que o primeiro Encontro da Agrobiodiversidade Missioneira trouxe para o espaço universitário e compartilhou com a comunidade regional. O evento foi realizado no Auditório da Unidade Bloco A, durante a manhã e tarde da quinta-feira (27). “Compartilhar” também foi a palavra de ordem na troca de sementes e mudas, realizada na parte da tarde, possibilitando a agricultoras e agricultores da região a multiplicação e continuidade dos recursos genéticos de sua produção. Mais de 150 pessoas participaram da atividade.

A coordenação do evento esteve a cargo do professor do curso de Agronomia do Campus Cerro Largo, Benedito Silva Neto, que também apresentou os palestrantes e conduziu o encontro. A organização foi além do espaço universitário, sendo uma parceria entre diversos órgãos e movimentos sociais da comunidade regional, que sempre buscaram dar visibilidade para guardiãs e guardiões de sementes, como explica Lisiane Cunha, agricultora e acadêmica do curso de Administração. Ela colaborou na organização do evento devido a sua participação em movimentos sociais da região. “O evento atendeu nossos anseios e expectativas e foi uma ótima oportunidade de preservar o compromisso da comunidade agricultora missioneira com a nossa agrobiodiversidade, bem como com a manutenção de nossas sementes crioulas”, destaca Lisiane.

Muito além da troca de sementes e mudas, o espaço também foi uma troca de saberes. O intercâmbio de vivências e a humanização na produção agrária foram bastante salientados na palestra que ocorreu à tarde, conduzida por Irajá Ferreira Antunes, pesquisador da Embrapa, que discorreu sobre sementes crioulas, relatando a importância de “ser um guardião realmente preocupado em manter essa rica herança que é uma semente crioula”. Rosmeri Wilhelns, agricultora e acadêmica do curso de Letras, participou do evento com essa mesma visão: “cada vez mais precisamos nos preocupar com as relações sociais, precisamos manter contato com nossa vizinhança, com a terra, preocupar-nos com nossa alimentação”, destaca ela. Para Mara Schmatz, agricultora e presidente da Rede Missioneira de Agricultura Familiar (REMAF), “nosso sistema de consumo torna os alimentos saudáveis pouco divulgados e, com isso, poucas espécies são consumidas. O resgate de sementes, bem como de plantas medicinais, traz a cultura à tona, chamando atenção para o consumo saudável, com menos tóxicos, menos defensivos e uma melhor qualidade de vida”, salienta.

No final das atividades, os participantes do evento elaboraram uma carta demonstrando a preocupação com o patrimônio genético e cultural da humanidade, comprometendo-se com a manutenção das sementes crioulas e com a produção familiar de alimentos. A carta pode ser lida AQUI .