Zoneamento urbano é apontado como alternativa para enfrentar inundações em Barra do Rio Azul
Diante dos recentes estudos que apontam que o simples alargamento dos rios Palomas e Azul não seria suficiente para atenuar de forma significativa as inundações em Barra do Rio Azul (RS), pesquisadores da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) sugerem que é necessário repensar a ocupação urbana da cidade.
O professor Roberto Valmir da Silva, da UFFS, destaca a importância de considerar o zoneamento urbano como uma estratégia complementar. “Zonear as áreas de inundação como áreas de alto risco, tornando-as impróprias para edificações residenciais e estruturas de importância para a cidade, como posto de saúde, bombeiros ou prefeitura”, propõe. Segundo ele, essas áreas, embora não recomendadas para construção, podem ser transformadas em espaços de lazer, como praças e pistas de caminhada, contribuindo para o bem-estar da população.
Apesar de o estudo ter sido realizado com base nas condições específicas de Barra do Rio Azul, a experiência da “metodologia de estudo de inundações, com levantamento de dados e simulações pode servir de referência para outros municípios” que enfrentam problemas semelhantes, afirma o professor.
No entanto, o desafio está em transformar o conhecimento científico em ações práticas. Questionado sobre a disposição dos gestores em repensar o zoneamento urbano com base em dados científicos, o professor reconhece a complexidade do tema: “Essa é uma pergunta difícil. Seria o ideal. Mas o zoneamento urbano com ênfase ambiental requer estudos, tempo e conscientização da população e dos próprios gestores. Não é uma tarefa fácil”.
Apesar das dificuldades, o estudo desenvolvido em parceria entre a UFFS e a prefeitura de Barra do Rio Azul reforça o papel da ciência e das universidades públicas na geração de conhecimento e na orientação de políticas públicas. A iniciativa mostra como o conhecimento acadêmico pode ser colocado a serviço da sociedade, especialmente em um contexto de intensificação dos eventos climáticos extremos.
Grupo de trabalho
Estiveram envolvidos no projeto em Barra do Rio Azul os docentes José Mário Vicensi Grzybowski, João Paulo Bezerra, Pedro Eugênio Gomes Boehl e Roberto Valmir da Silva, assim como 10 estudantes do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da UFFS – Campus Erechim: Bruna da Conceição Marques, Gabriela Cristina Perusin, Jonas Duarte Mota, Julia Pieper Nerling, Larissa Capeletti Romani, Mayana Cardoso Raimundi, Pedro Gabriel Maschio Zotti, Stephen Orlly Orelus e Vitoria Dassoler Longo.