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Estudo da UFFS aponta que zoneamento urbano é alternativa para enfrentar inundações em Barra do Rio Azul (RS)

Grupo de trabalho envolveu professores e estudantes do Campus Erechim dos cursos de Engenharia

Diretoria de Comunicação Social — 14 de Maio de 2025 — Atualizado em 15/05/2025

Estudo da UFFS aponta que zoneamento urbano é alternativa para enfrentar inundações em Barra do Rio Azul (RS)

Há um ano, o Rio Grande do Sul enfrentava uma das maiores tragédias climáticas da sua história. Em maio de 2024, mais de 90% dos  municípios do Estado foram atingidos por chuvas intensas, resultando em inúmeras mortes e milhares de desabrigados, segundo dados da Defesa Civil do RS. Entre os municípios afetados estava Barra do Rio Azul, no norte do Estado, que já havia sofrido com inundações meses antes, em novembro de 2023.

Diante da gravidade da situação, a Prefeitura de Barra do Rio Azul buscou o apoio da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), que prontamente atendeu ao pedido por meio de um grupo de trabalho formado por docentes e estudantes da UFFS – Campus Erechim.

O estudo contou com tecnologias, como simulações hidrológicas e hidrodinâmicas, além de levantamento topográfico detalhado com o uso de drones. Um dos pontos centrais foi a medição das seções topobatimétricas dos rios Palomas e Azul — dados essenciais para compreender o comportamento das águas em períodos de cheia. Essa etapa contou com a participação direta dos estudantes da UFFS, que atuaram em campo sob a supervisão dos docentes. “A colaboração dos alunos foi fundamental. Sem essas medições, o estudo de inundações simplesmente não teria rigor técnico”, explica o professor Roberto Valmir da Silva, docente envolvido diretamente no estudo. O professor também destacou a importância dessa ação na formação acadêmica dos estudantes: “Eles puderam observar de perto os efeitos reais das enchentes, algo que até então conheciam apenas na teoria, e compreenderam que todo estudo científico envolve desde tarefas mais simples até etapas altamente complexas, todas igualmente importantes para a construção de soluções.”

O grupo de trabalho mapeou a área urbana afetada em termos de profundidades, velocidades e vazões e constatou que a vazão de transbordamento em ambos os rios foi em torno de 100 metros cúbicos por segundo, com um pico de quase 300 metros cúbicos por segundo. Também foram simuladas intervenções, como o alargamento de trechos dos rios Palomas e Azul e a criação de uma área de inundação controlada. No entanto, os resultados mostraram que essas obras teriam efeito limitado, com uma redução de apenas 7% na área alagada.

Também foi investigado pelo grupo de trabalho o efeito do acúmulo de detritos nas pontes, e a conclusão é que as pontes sobre os rios Palomas e Azul não geraram a inundação, mas potencializaram os seus efeitos. De acordo com o estudo, parte da área urbana da cidade está localizada na área de inundação dos rios Palomas e Azul, tendo uma predisposição a sofrer com inundações. O que de acordo com o professor Roberto, sugere a “necessidade de repensar a cidade em termos do zoneamento urbano. Ou seja, evitar a habitação das áreas suscetíveis a inundações”. 


Zoneamento urbano é apontado como alternativa para enfrentar inundações em Barra do Rio Azul


Diante dos recentes estudos que apontam que o simples alargamento dos rios Palomas e Azul não seria suficiente para atenuar de forma significativa as inundações em Barra do Rio Azul (RS), pesquisadores da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) sugerem que é necessário repensar a ocupação urbana da cidade.

 O professor Roberto Valmir da Silva, da UFFS, destaca a importância de considerar o zoneamento urbano como uma estratégia complementar. “Zonear as áreas de inundação como áreas de alto risco, tornando-as impróprias para edificações residenciais e estruturas de importância para a cidade, como posto de saúde, bombeiros ou prefeitura”, propõe. Segundo ele, essas áreas, embora não recomendadas para construção, podem ser transformadas em espaços de lazer, como praças e pistas de caminhada, contribuindo para o bem-estar da população. 

 Apesar de o estudo ter sido realizado com base nas condições específicas de Barra do Rio Azul, a experiência da “metodologia de estudo de inundações, com levantamento de dados e simulações pode servir de referência para outros municípios” que enfrentam problemas semelhantes, afirma o professor.

 No entanto, o desafio está em transformar o conhecimento científico em ações práticas. Questionado sobre a disposição dos gestores em repensar o zoneamento urbano com base em dados científicos, o professor reconhece a complexidade do tema: “Essa é uma pergunta difícil. Seria o ideal. Mas o zoneamento urbano com ênfase ambiental requer estudos, tempo e conscientização da população e dos próprios gestores. Não é uma tarefa fácil”.

 Apesar das dificuldades, o estudo desenvolvido em parceria entre a UFFS e a prefeitura de Barra do Rio Azul reforça o papel da ciência e das universidades públicas na geração de conhecimento e na orientação de políticas públicas. A iniciativa mostra como o conhecimento acadêmico pode ser colocado a serviço da sociedade, especialmente em um contexto de intensificação dos eventos climáticos extremos.

 Grupo de trabalho

 Estiveram envolvidos no projeto em Barra do Rio Azul os docentes José Mário Vicensi Grzybowski, João Paulo Bezerra, Pedro Eugênio Gomes Boehl e Roberto Valmir da Silva, assim como 10 estudantes do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da UFFS – Campus Erechim: Bruna da Conceição Marques, Gabriela Cristina Perusin, Jonas Duarte Mota, Julia Pieper Nerling, Larissa Capeletti Romani, Mayana Cardoso Raimundi, Pedro Gabriel Maschio Zotti, Stephen Orlly Orelus e Vitoria Dassoler Longo.

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