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Estudo aponta que brasileiros associam clima extremo às mudanças climáticas

Conclusão é parte de pesquisa realizada em 68 países, com participação do docente Kochav Koren, da UFFS – Campus Erechim

Diretoria de Comunicação Social — 02 de Julho de 2025 — Atualizado em 02/07/2025

Estudo aponta que brasileiros associam clima extremo às mudanças climáticas

Eventos climáticos extremos têm se tornado mais frequentes e intensos em todo o mundo, mas será que a população associa este fenômeno às mudanças climáticas? A resposta a esta pergunta é o que traz um estudo publicado recentemente pela revista científica Nature Climate Change, que analisou cerca de 72 mil pessoas, em 68 países. Das populações pesquisadas, os brasileiros estão entre os que mais atribuem eventos climáticos extremos às mudanças climáticas, empatando com a Colômbia no topo do ranking regional. 

“Essa ligação direta (entre eventos extremos e mudanças climáticas) é fundamental: quanto mais a população faz essa conexão, maior é o apoio a políticas públicas para reduzir emissões”, pontua o professor Kochav Koren, da UFFS – Campus Erechim, que fez parte da equipe que realizou este estudo. Segundo ele, entre os dados de destaque da pesquisa, em especial em relação ao Brasil, está uma atribuição subjetiva recorde. “A média global de concordância de que ‘o clima já piorou os eventos extremos’ é 3,8 numa escala de 1 (‘nada’) a 5 (‘muito’). Brasileiros situam-se claramente acima desse patamar, liderando a América do Sul”, comenta.

O estudo confirma que, no mundo todo, proteger florestas (82% ‘apoio total’) e ampliar energias renováveis (75%) são as medidas mais populares, enquanto novos impostos sobre combustíveis fósseis (29%) ou alimentos com alto carbono (22%) enfrentam maior resistência. “Embora os autores não divulguem o índice numérico individual por país, o Brasil integra o bloco de nações com apoio acima da média ao chamado ‘pacote de transição verde’ (renováveis, transporte público e proteção florestal), políticas muito alinhadas à realidade brasileira da Amazônia e da matriz elétrica limpa”, comenta Koren.

De acordo com o professor, o Brasil aparece entre os países expostos a vários tipos de extremos: calor intenso, chuvas fortes, secas e incêndios florestais. “Entretanto, o estudo mostra que não é a exposição objetiva, mas a percepção de que o evento é causado pelo clima que reforça o apoio a políticas de mitigação; a única exceção global significativa foi a exposição a incêndios”, ressalta.

Implicações

Segundo Koren, os resultados do estudo indicam, aos formuladores de políticas e comunicadores, que mensagens que conectem eventos extremos ao aquecimento global funcionam. “No Brasil, onde a população já faz essa associação, há terreno fértil para acelerar a agenda de transição energética e proteção florestal”, afirma.

A respeito da tributação climática, o professor considera que “a resistência mundial a novos impostos de carbono sugere que, no Brasil, qualquer política fiscal precisa vir acompanhada de compensações sociais claras para ganhar adesão”.

“O artigo demonstra que o fator decisivo para apoiar políticas climáticas não é a simples exposição a desastres, mas a percepção de que tais eventos são causados pelas mudanças climáticas. A América do Sul — especialmente Brasil e Colômbia — lidera essa ‘atribuição subjetiva’, o que indica terreno fértil para avançar leis de proteção florestal e transição energética. A base de dados (OSF https://osf.io/5c3qd) já está aberta, permitindo réplicas e estudos de políticas públicas focalizadas”, ressalta o professor.

A pesquisa

Conforme o professor Koren, o estudo foi pré-registrado em 15 de novembro de 2022, imediatamente antes do início do campo e teve autorização ética da Harvard IRB no mesmo mês. “A maior parte da coleta, incluindo a minha etapa na Argentina, ocorreu entre dezembro de 2022 e julho de 2023”, diz.

O método utilizado foi a pesquisa on-line, usando painéis probabilísticos/estratificados em 68 países. Todos seguiram quotas de idade (cinco faixas de 18 a 60+ anos) e gênero (50 % homens; 50 % mulheres). Após o campo, aplicaram-se pesos pós-estratificação para gerar estimativas representativas de sexo, idade e escolaridade. “O trabalho integra modelagem de risco (CLIMADA) e survey global, estabelecendo um padrão de análise interdisciplinar que pode inspirar futuras investigações”, destaca o professor.

Atuação

Koren conta que o convite para participar do estudo veio em 2022, quando a professora Viktoria Cologna, na época em pós-doc no Many Labs, da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, buscava ampliar o consórcio Trust in Science and Science-related Populism (TISP). “Fui incluído após um processo seletivo criterioso realizado pelo grupo de coordenação, que avaliou experiência prévia em pesquisas multinacionais e capacidade de mobilizar parceiros regionais. A partir daí passei a integrar formalmente o consórcio TISP como representante da Argentina”, recorda.

O professor realizou tradução e adaptação linguística, articulando uma rede de pesquisadores lusófonos e hispano-falantes para traduzir e revisar o questionário, originalmente em inglês, garantindo equivalência semântica e cultural. Também atuou na coordenação de campo na Argentina, onde captou a equipe local, selecionou o painel on-line e supervisionou todo o trabalho de coleta, que recebeu apoio financeiro de Harvard em 2023.

Coube ao professor, também, a padronização de dados. “Acompanhei o processo de checagem de consistência, pesos amostrais e submissão final ao repositório OSF. Além disso, fui responsável via meu laboratório de pesquisa, o Ernest Manheim Lab, a deliberar sobre o comitê de ética do Brasil e Peru”, informa.

“Participar deste estudo consolidou minha atuação em redes globais de ‘many-labs’, abriu colaborações em quatro continentes e resultou em acesso a um banco de dados inédito para novas análises comparativas. A experiência de coordenação bilíngue fortaleceu minha linha de pesquisa em comunicação de ciência e políticas climáticas na América Latina. Eu acredito que este estudo não apenas oferece evidências relevante sobre opinião pública climática, mas também mostra o valor de equipes diversas e processos cooperativos de tradução e coleta multinacional, exatamente o papel que desempenhei no consórcio”, finaliza Koren.

Link para o artigo na Nature Climate Change: https://www.nature.com/articles/s41558-025-02372-4

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