Os projetos de extensão “Letras sin fronteras” e “Grandes personajes de la literatura”, do curso de Letras Português e Espanhol da UFFS – Campus Chapecó, divulgaram, no último dia 14 de julho, uma nova atividade. O professor Santo Gabriel Vaccaro e estudantes da terceira fase do curso fizeram a apresentação da peça teatral “Dom Quixote e os exércitos de ovelhas”, no auditório do Bloco dos Professores.
A peça trata de uma das cenas mais memoráveis do livro “Dom Quixote de la Mancha”, de Miguel de Cervantes Saavedra. Conforme o professor Vaccaro, trata-se “da batalha que o fidalgo Dom Quixote travou contra dois rebanhos de ovelhas e carneiros que eram guiados por seus pastores. Claro que o nosso querido cavaleiro andante imaginou que as nuvens de poeira que apareciam no campo eram produzidas, não pelas ovelhas, e sim pelo andar dos famosos exércitos do grande e malvado imperador Alifanfarrão e de seu inimigo, o valente Pentapolim do Braço Arremangado. Não é necessário assinalar que o escudeiro Sancho Pança avisou que lá não tinha guerreiros e Dom Quixote, sem escutá-lo, lutou contra os animais e acabou ferido e sem alguns dentes. Impossível não rir e também não sentir pena pelo resultado das grandiosas aventuras do herói”.
De acordo com o professor, “a atividade desenvolvida buscou que docentes e discentes se aproximem, de forma lúdica e artística, a conteúdos literários e, neste caso específico, a uma das obras mais representativas da literatura espanhola e universal. Geralmente, estas apresentações funcionam como ensaios para a realização de futuras atividades em escolas localizadas nas fronteiras do sul do Brasil, no Uruguai e na Argentina”.
O roteiro da apresentação teatral foi escrito pelo professor Vaccaro, na disciplina Literatura Espanhola I, e os ensaios ocorreram dentro das horas de prática como componente curricular (PCCr) da disciplina. “Esta terceira apresentação de uma cena da obra 'Dom Quixote de la Mancha' (as outras duas foram 'Dom Quixote armado cavaleiro' e 'Dom Quixote e os moinhos de vento') procurou, novamente, encontrar formas didáticas de levar obras clássicas da literatura para o imaginário e para o coração de jovens e crianças de nosso país e dos países vizinhos. O contato visual, informal e interativo com o texto de Cervantes pode ser um bom motivo para se apaixonar pelo livro e para quebrar esse tabu de que uma obra com mais de mil páginas ou com mais de quatro séculos pode ser um desafio não tão atrativo. Dom Quixote, sem dúvidas, é uma das obras mais atuais e indicadas para fortalecer e renovar o gosto e o interesse pela literatura”, afirma o professor.
“Novamente, agradecemos a colaboração do grupo de contação de histórias e de teatro Contracapa, projeto cultural de extensão coordenado pela professora Solange Labbonia. A colaboração deu-se pelo empréstimo de itens de cenário, de figurino, de iluminação, além de uma máquina de fumaça. Tudo orquestrado e organizado pelo aluno do curso de Letras, Gabriel César Moura da Silva”, destaca Vaccaro.
Para o estudante Mateus Júnior Rodrigues, que representou Dom Quixote na peça, “participar da apresentação teatral proposta na disciplina foi um exercício profundo de empatia e interpretação literária. Afinal, são experiências como essa que ampliam nossa percepção crítica e sensível da obra, além de desenvolver competências comunicativas. Isso contribui diretamente para minha formação como educador mais criativo e preparado para a sala de aula”.
“Para finalizar, citamos as palavras de nosso fidalgo, lembrando que quem quer mudar o mundo deve aprender a conviver com alguns riscos: ‘Querido Sancho! Você tem que entender que 'um homem não é mais que outro se não faz mais que outro'. Então não deves ficar impressionado pelas desgraças dos cavaleiros andantes, pois temos que fazer mais que os outros homens e isso tem seus riscos. Mas, Sancho, pensa que todas estas tempestades são sinais de que logo o tempo vai acalmar, porque o mal e o bem não duram para sempre. E porque Deus, que é o provedor de todas as coisas, faz o sol nascer para os bons e para os maus e manda chuva sobre os justos e injustos’. E nós, que tratamos de entender as palavras do cavaleiro andante, continuamos trabalhando para lutar contra as adversidades e para que o amor pelas letras e pela leitura não seja só um amor platônico distante da realidade escolar”, destaca o professor Vaccaro.