Protótipo criado por estudantes da escola Bom Pastor tem parceria com professores da UFFS
Professores vão realizar projeto para validação científica do protótipo, que é usado na recuperação pulmonar pós covid-19

Publicado em: 31 de agosto de 2021 11h08min / Atualizado em: 31 de agosto de 2021 14h08min

Com a orientação do professor de matemática Oeliton Vieira Fortes e da professora de sociologia Marilita Dias Duarte, os estudantes do ensino médio da EEB Bom Pastor, de Chapecó, Méllany Brigo Rieger, Marcus Vinicius da Silva Bezerra e Ana Clara Scheid Demori idealizaram e criaram um protótipo para melhorar a função pulmonar de pessoas que foram acometidas pela covid-19.

Nas primeiras aulas deste ano letivo, com a retomada das aulas presencias e tendo por cenário a pandemia, o professor Oeliton, que tinha como conteúdo programado com os terceiros anos do ensino médio as matrizes e determinantes, levou para a sala de aula a matriz de risco do Estado de Santa Catarina. “A conversa rendeu, foram levantadas várias questões, como a saturação do sistema de saúde, tanto no atendimento imediato, quanto no atendimento pós covid-19. Foram citados, pelos estudantes, casos de pessoas que relatavam ter limitações respiratórias em decorrência da covid-19 e ficou no ar o questionamento: o que podemos fazer em relação a isso?”, explicou.

Os estudantes, que já se preparavam para participar da feira de ciências e inglês da escola, tiveram contato com a divulgação do prêmio Resposta Para o amanhã (Solve for Tomorrow), promovido pela Samsung, e aceitaram participar da disputa. Nesse processo, desenvolveram um protótipo de baixo custo para a reabilitação da capacidade pulmonar dos pacientes pós covid-19 e um aplicativo ou interface de comunicação para o registro e acompanhamento. “Os estudantes realizaram pesquisas sobre o assunto, encontraram um modelo comercial utilizado na fisioterapia pulmonar para ampliar a capacidade respiratória de cantores e musicistas de sopro. Depois de algumas tentativas, chegaram ao modelo atual do protótipo, basicamente um cilindro”, afirmou Oeliton.

O projeto do protótipo está entre os 20 projetos brasileiros semifinalistas na 8ª edição do Prêmio Respostas para o Amanhã, sendo esse projeto o único representante do Estado de Santa Catarina. 

Parceria com a UFFS

De acordo com Oeliton, em julho, foi realizado o primeiro contato oficial com a UFFS, através das professoras Zuleide Maria Ignácio e Adriana Luzardo, pois a ideia era que o projeto tivesse continuidade e o maior impacto social possível. “A institucionalização se deu na sequência, havendo a formação de grupo de trabalho envolvendo a UFFS, a escola e um grupo de pesquisa com estudantes da área da saúde. O projeto sofreu desdobramentos na UFFS, envolvendo também sistemas e computação, tendo a participação do professor Carlos Roberto França”.

A professora da UFFS Zuleide Ignácio explicou que um grupo de professores e estudantes da Universidade elaborou um projeto para avaliar cientificamente os resultados sobre a eficácia do protótipo em uma população recuperada da infecção da covid-19 e com sequelas na função respiratória. “O projeto já foi elaborado e será institucionalizado na UFFS. A próxima etapa será a institucionalização e a submissão do projeto ao Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos (CEP-UFFS). O projeto também foi submetido ao um edital da FAPESC, mas a pesquisa será realizada na UFFS, independente de aprovação na FAPESC. Na FAPESC, o projeto passou pela primeira etapa que é a de admissibilidade. Agora está na fase de revisão por pares”.

Para ela, a parceria é muito importante para a UFFS, pois a Universidade já tem projetos de pesquisa com pessoas que foram diagnosticadas com covid-19. “Os criadores do protótipo na escola já obtiveram alguns resultados preliminares. Entretanto, é importante um projeto de pesquisa científica que possa avaliar alguns parâmetros fisiológicos e comportamentais e, assim, mostrar resultados mais robustos sobre a eficácia do protótipo. Além disso, a UFFS vai contribuir na construção do aplicativo que vai orientar sobre a utilização do protótipo. Um dos grandes pilares da UFFS é a sua atuação na sociedade, no sentido de construção conjunta. Nessa parceria, a escola pública é uma grande protagonista, através dos professores e estudantes”, afirmou.

Importância do projeto

A atividade despertou profundo interesse e proporcionou aprendizagem muito além do conteúdo de matrizes e determinantes, pois os estudantes também tiveram contato com a escrita e produção científica, com o método científico, com a estatística, programação além da sustentação oral. “Na tentativa de tornar os saberes matemáticos consolidados historicamente o mais atrativo possível aos estudantes, venho tentando diferentes abordagens em sala de aula, sempre tendo em vista o protagonismo dos estudantes e a abordagem STEM é uma destas alternativas pedagógicas”, ressaltou Oeliton.

Ainda no contexto da escola, o professor pretende aplicar os dados obtidos nos testes preliminares nas aulas de matemática, sobre estatística, e realizar uma oficina sobre programação. “Esperamos que o protótipo e aplicativo, após validado pela pesquisa universitária, possa ser usado por qualquer paciente com quadro de redução de sua capacidade pulmonar”.

Para a estudante Mellany Brigo foi através do projeto que eles descobriram um mundo a ser investigado. “Uma forma de descobrir coisas novas, poder ajudar as pessoas ao nosso redor. O projeto é muito importante, pois é o meio pelo qual podemos viver experiências únicas seja no âmbito científico ou pessoal tendo em vista que temos contato com diferentes realidades, pessoas, histórias e aprender matemática na prática”.

Prêmio

O prêmio Respostas Para o Amanhã é uma iniciativa da Samsung e está em sua oitava edição no Brasil. A edição brasileira do Solve For Tomorrow conta com uma rede de parceiros, como a representação no Brasil da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO no Brasil), da Rede Latino-Americana pela Educação (Reduca) e da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), além do apoio do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e a coordenação geral do CENPEC Educação.

Este é o segundo ano em que o programa ocorre de forma totalmente remota. Mesmo assim, houve um aumento de 22% na participação de estudantes, 40% na de professores e 52% na de escolas em comparação a 2020. O Solve for Tomorrow está presente em mais de 20 países. Desde 2014 no Brasil, o programa já envolveu mais de 165 mil estudantes, 22 mil professores e 5 mil escolas públicas.

Os professores dos 20 projetos classificados na etapa semifinal do prêmio são contemplados com um notebook Samsung. As 10 equipes finalistas serão anunciadas no dia 08 de outubro e cada aluno receberá um Notebook Samsung como prêmio. Já em novembro, serão abertas as votações populares e a avaliação do júri para escolher a equipe vencedora. A equipe que for a primeira colocada será premiada com um smartphone Samsung para cada aluno e uma Smart TV Samsung para a escola, além da experiência e desenvolvimento social e pedagógico por criarem projetos capazes de melhorar a realidade da região onde vivem.