PROHAITI e Pró-imigrante: os caminhos da UFFS para a inserção dos imigrantes no ensino superior
Programas preveem vagas suplementares em cursos de graduação.

Publicado em: 05 de maio de 2022 17h05min / Atualizado em: 06 de maio de 2022 16h05min

Desde 2014, a UFFS vem promovendo o acesso ao ensino superior para imigrantes que residem no Brasil. Considerando a intensa imigração haitiana para o Brasil ocorrida após o ano de 2010 e para contribuir na inserção dessa população na sociedade local e nacional, foi criado, no ano de 2013, em diálogo com a Embaixada do Haiti, o Programa de Acesso à Educação Superior da UFFS para Estudantes Haitianos (Prohaiti), para ingresso de estudantes haitianos no ensino superior no ano letivo de 2014. Desde então, até ao ano de 2021, mais de 200 estudantes haitianos estudam na UFFS, alguns até já concluíram suas graduações.

Atenta aos movimentos migratórios recentes, especialmente na região em que está inserida, a UFFS criou, em 2019, o Programa de Acesso e Permanência a Estudantes Imigrantes (Pró-Imigrante), que se caracteriza por um conjunto de serviços, projetos e ações articuladas com as demais políticas institucionais e acadêmicas que visam o fortalecimento das condições de acesso, permanência e êxito nas atividades acadêmicas dos estudantes imigrantes da Instituição. O programa prevê vagas suplementares em cursos de graduação para imigrantes de todas as nacionalidades, residentes no Brasil e que tenham concluído ensino médio ou equivalente.

Com o surgimento da pandemia da covid-19, a UFFS teve que se adaptar ao contexto e as atividades presenciais ficaram suspensas por quase dois anos. Durante esse tempo, a Diretoria de Políticas de Graduação da UFFS e as comissões institucionais Prohaiti e Pró-imigrante realizaram eventos, reuniões, debates com diversos entes, de modo que, ao final do ano de 2021, foi lançado o edital do Processo Seletivo Especial Unificado PROHAITI Pró-Imigrante, que ofertou simultaneamente vagas para os dois programas.

Processo Seletivo

De acordo com a diretora da Diretoria de Políticas de Graduação da UFFS, Rosenei Cella, a divulgação do processo seletivo PROHAITI Pró-Imigrante foi intensa, especialmente nas redes sociais e grupos de WhatsApp. Além disso, a UFFS divulgou o processo  aos egressos, associações de imigrantes haitianos, venezuelanos e senegaleses, entidades parceiras como o Gairosc, o Centro de Atendimento ao Imigrante da Prefeitura de Chapecó e a Pastoral do Migrante da Diocese de Chapecó, dentre outras.

Segundo Rosenei, durante o processo de seleção, foi observado que ocorreram inscrições de candidatos de oito diferentes nacionalidades, provenientes dos seguintes países: Angola, Benim, Congo, Gabão, Haiti, República Dominicana, Togo e Venezuela, e foram aprovados e matriculados alunos das seguintes nacionalidades: Haiti, República Dominicana, Togo e Venezuela, em diferentes cursos dos campi Chapecó e Erechim. Observou-se também que alguns candidatos haitianos se inscreveram no Programa Pró-Imigrante, pois é aberto a todas as nacionalidades.

A comissão avaliadora do processo seletivo fez suas avaliações sobre o processo para compor um relatório que destaca os avanços que vêm sendo realizados e também os pontos a serem ajustados para as próximas edições. “As comissões dos Programas Prohaiti e Pró-Imigrante se reúnem periodicamente e acompanham esse processo de amadurecimento das políticas voltadas aos imigrantes. Em breve serão definidas as datas para o próximo edital e serão retomados os procedimentos para o ingresso no ano letivo de 2023”, explicou a diretora.

Para Rosenei, a partir dos resultados obtidos no decorrer dos anos e no diálogo com diferentes representantes dos alunos e associações, avalia-se que os programas são efetivos no cumprimento dos objetivos que motivaram suas criações, necessitando serem constantemente acompanhados com o olhar complexo e sensível que a temática da migração representa no contexto atual. “Enfatizamos que o ingresso desses estudantes fortalece a diversidade e materializa a possibilidade de estabelecimento de relações culturais e humanas que não seriam possíveis em outros contextos. Isso incrementa o conhecimento que circula no ambiente acadêmico da nossa universidade e sua região de entorno”, concluiu.