Professora substituta é a primeira a concluir pós-doc no Campus Cerro Largo
O estágio pós-doutoral foi realizado no Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências - PPGEC

Publicado em: 18 de março de 2021 14h03min / Atualizado em: 17 de março de 2021 15h03min

A professora Graciela Paz Meggiolaro é a primeira a iniciar e concluir um estágio pós-doutoral na Universidade Federal da Fronteira Sul – Campus Cerro Largo. O curso foi realizado durante mestrado no Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências – PPGEC. Atualmente, Graciela desempenha a função de professora substituta no Campus.

Conforme o professor Roque Ismael da Costa Güllich, coordenador do PPGEC, “o pós-doc é um estágio pós-doutoral que necessita de um professor doutor experiente na área, além de produtivo, como supervisor. Na verdade o pós-doc é um subprograma, porém dissemos um Programa dentro da UFFS (IN). No Brasil, a CAPES define dessa forma”.

Acompanhe abaixo considerações da professora Graciela Paz Meggiolaro sobre a experiência profissional e pessoal:

Como ficou sabendo da possibilidade de realizar o pós-doc? A seleção foi difícil?
Ingressei como professora substituta no Campus Cerro Largo em junho de 2019, e, em agosto, tivemos uma reunião de professores do curso de Ciências Biológicas, naquela oportunidade conheci o coordenador do PPGEC, professor Roque Ismael da Costa Güllich. Conversando com ele, perguntou se tinha interesse em realizar o pós-doutorado no Programa. Fiquei super animada e interessada, então, no dia seguinte, procurei o professor Roque e ele, sempre muito atencioso, me explicou como funciona o Programa de Pós-Graduação e os requisitos que eu deveria preencher para ingressar. Então me preparei um mês com leituras de referenciais e organização do projeto de pesquisa. Submetemos a proposta ao colegiado e foi aprovada.

Qual a linha de pesquisa? Era o que você esperava/procurava?
No mestrado pesquisei sobre “A abordagem da dualidade onda-partícula em livros didáticos de Física do Ensino Médio” e no doutorado realizei “Uma investigação entre os mecanismos externos de mediação e situações-problema de eletrostática, em uma disciplina de física geral em nível universitário”. Com isso, para ter outras perspectivas, no pós-doutorado investiguei o papel dos processos de formação inicial, desenvolvidos por meio da investigação-formação-ação (IFA) na constituição de professores de Ciências, da linha de pesquisa 2: Formação de Professores e Práticas Pedagógicas”, do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências - PPGEC, com a supervisão do professor Roque Ismael da Costa Güllich.

Essa pesquisa veio para contribuir com a minha formação continuada e me constituir professora formadora, devido à reflexão acerca das ações desenvolvidas, trocas de vivências e reflexões com colegas e alunos. Além das minhas expectativas, me senti motivada a participar permanentemente do processo de formação, promovendo a reflexão e autoavaliação da minha prática.

O curso correspondeu as expectativas?
Vejo que quando iniciei meu estágio de pós-doutoramento não tinha ideia do quanto seria significativo para a minha vida, imaginei que apenas produziria publicações de trabalhos acadêmicos: resumos, capítulos e artigos, etc. No entanto, me senti motivada por conta da investigação com licenciandos dos cursos da área de Ciências: Química, Física e Ciências Biológicas, bolsistas do PETCiências, que me transformaram, pois, além de compreender o papel dos processos de formação inicial, desenvolvidos por meio da investigação-formação-ação em Ciências na constituição desses sujeitos, criamos laços, em que eu, como professora colaboradora, carinhosamente fui chamada de “tutora mãe”.

Esse um ano e meio, com a pandemia, foi de trocas, acolhidas, mensagens carinhosas, puxões de orelha, momentos de angústias, orientações, reuniões, discussões, confissões e, principalmente, trocas de experiências, ultrapassando todas as minhas expectativas.

Outro ponto que não posso deixar de comentar é a acolhida pelo Programa de Extensão Ciclos Formativos no Ensino de Ciências e Matemática, Grupo de Estudos e Pesquisas em Ensino de Ciências e Matemática (GEPECIEM), grupo de professores da UFFS, professores das escolas e licenciandos: eles me acolheram, ampliando as discussões de temáticas/conceitos/concepções que perpassaram os processos de investigação da prática/investigação ação/pesquisa docente, como categorias de formação inicial e continuada em Ciências.

Como você avalia a importância de cursos como esse, com ênfase na formação de professores?
O pós-doutoramento em Ensino de Ciências (PPGEC) foi de suma importância, pois me proporcionou, como doutora pesquisadora, a oportunidade de vivenciar a teoria e a prática, refletir/investigar a relação do saber e fazer sobre a formação continuada de professores no Ensino de Ciências. Ser pós-doutora, ou seja, uma pesquisadora nesse programa, reforça a escolha de ser professora, o anseio em querer ser e fazer a diferença na educação.

Esse processo vai além de dominar um conceito ou uma teoria e sim vivenciar uma prática articulada à realidade  que acredito e defendo de forma preparada. As vivências nesse programa e processo de formação transformaram a minha prática docente e com certeza transformarão a de muitos outros professores que por aqui passarem, pois o processo formativo pela reflexão crítica é constante e não estático.

Como pretende aplicar os conhecimentos recebidos no curso?
Desde o início do meu pós-doutoramento estive envolvida com os princípios da investigação-formação-ação, por intermédio dos espaços de formação. Por isso, pretendo continuar com esse referencial, destacando aos colegas e alunos, que precisamos ter um perfil de pesquisador reflexivo, participando dos processos ativamente, como ator de transformação para, de fato, atingirmos nossos objetivos.

Quando/como foi a defesa? Correu tudo tranquilo? Os amigos e parentes conseguiram acompanhar?
Diferente da graduação, mestrado e doutorado, o pós-doutorado não tem nenhuma cerimônia com apresentações, apenas a entrega do relatório — comprovando as atividades desenvolvidas no período do pós-doutoramento — no qual o colegiado avalia os resultados da pesquisa. O relatório foi entregue ao Programa no final do mês de fevereiro de 2021.

Esse período de pesquisa em tempos de pandemia exigiu muito esforço, dedicação, persistência e apoio da família. Ser pós-doutora é o presente que dei a minha família, pois eles sempre me mostraram o caminho certo, acreditaram na minha capacidade e incentivaram a nunca desistir dos meus sonhos.

E a experiência como professora substituta no Campus Cerro Largo, como está sendo?
Ser professora substituta está sendo uma grande oportunidade, um grande reconhecimento profissional em relação a minha formação docente, pois foi através dessa oportunidade que realizei as atividades de pós-doutoramento e, com isso, fui professora colaboradora no Programa de Educação Tutorial (PET) desenvolvido pelo coletivo  PETCiências e tive participação nos Ciclos Formativos no Ensino de Ciências e Matemática e do Grupo de Estudos e Pesquisas em Ensino de Ciências e Matemática (GEPECIEM). Além disso, essa experiência me fez perceber o quanto evolui, compartilhei e o quanto a UFFS agregou na minha caminhada docente.

Pretende fazer concurso para professor efetivo da UFFS?
Sim, ingressar como professora efetiva na UFFS sempre foi um grande desejo, hoje ainda mais, pois, fazer parte da UFFS como professora substituta,  fez-me perceber o quanto posso evoluir e compartilhar saberes como professora/pesquisadora.

A UFFS agora faz parte de sua vida?
A UFFS faz parte da minha vida, pois cresci como pessoa, pesquisadora, amiga, mulher e professora. Os laços criados na Instituição são fortes, são verdadeiros.

Acompanhe depoimento da professora Graciela na página do Facebook do PPGEC.