Pesquisa da UFFS desenvolve estudos para produção de embalagens biodegradáveis em substituição ao isopor
Bandejas expandidas biodegradáveis utilizam como matéria-prima amido de mandioca e resíduos provenientes da agricultura e das indústrias de alimentos

Publicado em: 19 de dezembro de 2019 11h12min / Atualizado em: 20 de dezembro de 2019 08h12min

Buscando contribuir para a redução de resíduos sólidos provenientes de embalagens não biodegradáveis, um projeto de inovação tecnológica, desenvolvido na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Laranjeiras do Sul, está realizando pesquisas visando a fabricação de bandejas biodegradáveis expandidas de amido com adição de fibras de celulose e resíduos agroindustriais. A pesquisa envolve professores e estudantes do curso de graduação em Engenharia de Alimentos e do mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos, ofertados no Campus Laranjeiras do Sul, e do curso de Engenharia Mecânica do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) – Campus Xanxerê.

Conforme relata a docente Vania Zanella Pinto, “a pesquisa pretende desenvolver o protótipo de um equipamento e também uma metodologia que possibilite a produção de bandejas expandidas biodegradáveis, tendo como matéria-prima amido de mandioca e resíduos provenientes da agricultura e das indústrias de alimentos, tais como palhada de soja e milho, bagaço de malte, cascas e resíduos de indústrias de suco. Esses materiais são de origem renovável e biodegradável e vêm sendo foco de diversas pesquisas, cuja proposta é o desenvolvimento de estruturas capazes de substituir as embalagens de uso único, como o poliestireno expandido (EPS), que é produzido com polímero sintético à base de petróleo. Com esse tipo de embalagem biodegradável, é possível reduzir os danos ambientais causados pelo descarte inapropriado de resíduos sólidos plásticos, pois esses materiais se decompõem no ambiente, através de processos biológicos naturais, em aproximadamente 1-3 meses”.

 

 

O desafio da pesquisa está no desenvolvimento das embalagens sem a utilização de grandes extrusoras e moldes expansores, que devido ao alto custo inviabilizariam pequenos negócios. A ideia inovadora do projeto consiste em fomentar o protótipo capaz de produzir as embalagens em pequenas escalas, porém com custo relativamente baixo, se comparado à obtenção de embalagens por extrusão e injeção.

Para o desenvolvimento das bandejas, os pesquisadores utilizam o amido, em processo semelhante à produção de biscoitos de polvilho azedo, com a adição de fibras de celulose ou resíduos agroindustriais, para a confecção de bandejas em molde fechado. Vania explica que “o amido expande e ocupa o espaço do molde, dando formato às bandejas”.

Os estudos utilizam diferentes concentrações de resíduos e as bandejas são avaliadas quanto a cor, boa formação, absorção de água, densidade, resistência a esforços mecânicos, estrutura química e degradabilidade no solo. O molde das bandejas está sendo projetado em parceria com o curso de Engenharia Mecânica do IFSC – Campus Xanxerê. Atualmente, os testes em laboratório são realizados com um molde em escala reduzida.

 

 

A pesquisadora relata que “a pesquisa visa o aproveitamento de matérias-primas e subprodutos disponíveis na região para o desenvolvimento de embalagens biodegradáveis e inovadoras, que poderão ser utilizadas para acondicionamento de alimentos e também por pequenos produtores ou produtores orgânicos, contribuindo para a conservação de alimentos processados e in natura e, por consequência, o fortalecimento de produtores locais”.

“Os resíduos agroindustriais podem ser aplicados em diferentes tipos de embalagens, incluindo as empregadas em alimentos, como as tradicionais bandejas de isopor, amplamente utilizadas, mas que não são fabricadas com material biodegradável e podem gerar produtos de decomposição contaminante. Assim, bandejas expandidas à base de amido possuem grande potencial comercial, pois o amido é uma matéria-prima abundante, renovável e de baixo custo, com potencial técnico para substituir o isopor”, destaca Vania.

A docente relata que “o desenvolvimento de um Trabalho de Conclusão do Curso de Engenharia de Alimentos da UFFS obteve resultados promissores quando avaliadas as condições para a obtenção bandejas biodegradáveis em escala de laboratório”. E acrescenta: “o projeto das bandejas biodegradáveis foi enviado a uma fundação para concorrer a R$ 200 mil em recursos e fomos semifinalistas. No total, foram 653 projetos submetidos em todo o Brasil; destes, 32 foram selecionados para a semifinal e 20 contemplados. O projeto também conquistou o 2º lugar na categoria Ensino Superior na III Feira de Ciências da Cantu na UFFS, realizada em novembro, no Campus Laranjeiras do Sul”.

Mais informações sobre as embalagens biodegradáveis estão disponíveis no vídeo elaborado pela equipe do projeto.

Equipe:
Coordenadora: Vania Zanella Pinto.
Professores colaboradores da UFFS: Leda Battestin Quast, Ernesto Quast, Gustavo Henrique Fidelis dos Santos.
Professor colaborador do IFSC: Vinicius Gonçalves Deon.
Acadêmicos do curso de graduação em Engenharia de Alimentos: Jualiana Cabral, Davi Luiz Koester, Geovana Grosselli.
Acadêmicos do mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos: Gabriela Carolina Lenhani.

 

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