Pesquisa analisa a presença da temática das ervas medicinais e da cultura Kaingang no currículo escolar
Trabalho foi desenvolvido na terra indígena Rio das Cobras, em Nova Laranjeiras/PR

Publicado em: 19 de novembro de 2020 09h11min / Atualizado em: 20 de novembro de 2020 10h11min

Buscando aprofundar a discussão sobre a prática social e cultural indígena, a coleta, o uso das ervas medicinais e como essas questões são tratadas no currículo real, nos planos de ensino dos professores, para estimular o conhecimento que os alunos têm sobre o tema, Adailton Fojin Freitas, acadêmico indígena do curso Interdisciplinar em Educação do Campo: Ciências Sociais e Humanas, sob orientação da professora Liria Ângela Andrioli, desenvolveu a pesquisa “Ervas medicinais e a cultura Kaingang: um estudo sobre a presença da temática no currículo real da escola”.

Com a realização do trabalho, que foi desenvolvido no Colégio Estadual Rural Indígena Rio das Cobras, localizado no município de Nova Laranjeiras/PR, na terra indígena Rio das Cobras, percebeu-se que as ervas medicinais são parte da cultura indígena Kaingang, mas que essa cultura ainda é pouco abordada no currículo da escola.

Foi identificado que, apesar da escola ser reconhecida como um colégio indígena, atender alunos indígenas do campo e estar no campo, os valores da cultura indígena quase não aparecem nos espaços escolares. Eventualmente, as temáticas indígenas são tratadas por ocasião do Dia do Índio.

O principal desafio identificado está em valorizar diariamente o saber ancestral curativo pela fitoterapia, seja no ambiente educacional ou na sociedade como um todo. A escola, por sua característica de ser um espaço de múltiplas aprendizagens e saberes, é um espaço fundamental para a continuidade desse conhecimento milenar. Trabalhar o tema das ervas medicinais de forma mais aprofundada no currículo real da escola possibilita manter viva culturas, identidades e o conhecimento. Com isso, é possível evidenciar que o desafio está em ter metodologias voltadas à realidade local, às formas de cultivo e à coleta das ervas medicinais.

O pesquisador ressalta que, para que seja de fato uma educação escolar indígena, é preciso levar em conta a importância da cultura local, na qual a relação com a natureza prevalece, assim como as suas histórias e o conhecimento adquirido ao longo do tempo. Os educandos são sujeitos históricos, em constante transformação, necessitam rever atitudes, culturas e, ao mesmo tempo, incorporar esses saberes populares para que não se percam.

A pesquisa na íntegra pode ser conferida aqui.

XXI Encontro Nacional de Educação (ENACED) e I Seminário Internacional de Estudos e Pesquisa em Educação nas Ciências (SIEPEC)
A pesquisa desenvolvida foi aceita para apresentação e publicação no XXI Encontro Nacional de Educação (ENACED) e I Seminário Internacional de Estudos e Pesquisa em Educação nas Ciências, que será realizado entre os dias 25 e 26 de novembro, na Unijuí/RS.