Estudo destaca importância da monitoria para estudantes indígenas, haitianos e com deficiência
Pesquisa com relatos dos alunos atendidos por projeto da UFFS acaba de ser publicada em e-book

Publicado em: 23 de agosto de 2021 08h08min / Atualizado em: 23 de agosto de 2021 11h08min

Criado em agosto de 2018, o projeto “Monitoria Intercultural: Inserção de Discentes Indígenas e Haitianos na UFFS - Campus Erechim” visa garantir espaços de socialização, intercâmbio, diálogos, colaboração e apoio pedagógico entre a comunidade acadêmica e os estudantes indígenas, haitianos e com deficiência da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) Campus Erechim, de modo que seja favorecida a permanência e o progresso acadêmico desse público na Instituição. Recentemente, um estudo da experiência vivenciada pelos estudantes atendidos no projeto foi publicado em e-book.

- A monitoria é um espaço de troca de experiências, de conhecimentos e de cultura. Há um movimento de ensino-aprendizagem tanto para quem ensina quanto para quem aprende - explicam duas das autoras do estudo, Andréia Cerezoli e Roselaine de Lima Cordeiro. - Os laços são fortalecidos nessa troca de saberes, o que permite a acolhida aos estudantes atendidos pela monitoria e, também, a vivência de uma experiência de docência por parte dos monitores.

O estudo publicado tem ainda a participação de Aníbal Lopes Guedes e Marcelo Luis Ronsoni. Todos os autores são professores ou técnicos administrativos na UFFS – Campus Erechim.

Além da viabilização das políticas institucionais da UFFS, como o Programa de Acesso e Permanência dos Povos Indígenas (PIN) e o Programa de Acesso à Educação Superior da UFFS para Estudantes Haitianos (PROHAITI), o projeto vai ao encontro de orientações nacionais, como o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH) e a Lei nº 10.558 de 13 de novembro de 2002, que criou o programa Diversidade na Universidade com o objetivo de promover o acesso à educação superior de grupos socialmente desfavorecidos, especialmente afrodescendentes e indígenas.

Laços são fortalecidos na troca de saberes, o que permite a acolhida aos estudantes (Créditos: Lagos Techie/Unsplash)

Na coleta de dados e análise qualitativa dos relatos dos discentes envolvidos na monitoria, destaca-se o apoio pedagógico recebido pelos estudantes haitianos como indispensável para o êxito nas atividades acadêmicas, enquanto os monitores destacam a formação humana como um dos grandes aprendizados da atuação no projeto.

Um dos estudantes, que atuou como monitor, afirma em seu relato:

- Acredito que a monitoria agrega conhecimentos fundamentais na formação acadêmica, tanto para o monitor quanto para o monitorado, uma vez que a troca de experiências e conhecimentos entre os estudantes aproxima realidades distintas, ao mesmo tempo que contribui para a aprendizagem. Vejo na monitoria uma oportunidade de aproximação com a experiência da docência dentro da Universidade e acredito que minha contribuição com os monitorados foi além de um auxílio acadêmico, esclarecendo dúvidas de conteúdo, mas também procurei me colocar à disposição para acolher esses alunos e entender as suas dificuldades.

Já entre os acadêmicos que foram atendidos pelos monitores, destaca-se o depoimento abaixo:

- A monitoria significa muito, muito para mim. Sou aluna estrangeira, estudando numa língua que não é minha. É muito difícil. O meu maior obstáculo na vida acadêmica é a língua portuguesa. Como os professores não conseguem passar tudo para nós numa aula, a monitoria completa essa lacuna.

O projeto “Monitoria Intercultural: inserção de povos indígenas e haitianos na UFFS - Campus Erechim” mobiliza vários setores do Campus: Coordenação Acadêmica, Setor de Acessibilidade, Assessoria Acadêmica, Laboratório Interdisciplinar de Formação de Educadores (LIFE) e Núcleo de Apoio Pedagógico (NAP).

O estudo sobre o projeto foi publicado no e-book “Diálogos em educação inclusiva” (Editora Schreiben), que pode ser baixado gratuitamente no link https://bit.ly/2W9BF1T.