Estudantes de Agronomia fornecem assistência técnica para agropecuaristas
Parceria feita com cooperativa fortalece ação extensionista e preenche lacuna de apoio aos pequenos produtores

Publicado em: 10 de julho de 2017 12h07min / Atualizado em: 10 de julho de 2017 14h07min

Preparar os futuros agrônomos a partir da aplicação do conhecimento adquirido em sala de aula e, ainda, auxiliar no desenvolvimento dos arranjos produtivos locais. São esses alguns dos objetivos que levaram à criação, na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Erechim, de um projeto de Extensão que está promovendo a assistência técnica universitária junto a pequenos agropecuaristas do município de Campinas do Sul-RS.

Iniciado em outubro do ano passado com estudantes do curso de Agronomia, o projeto tem como coordenador o professor Bernardo Berenchtein. “Ensinar somente em sala de aula sobre produção de leite, ovos, carne e lã, por exemplo, é bastante complicado. A realidade é bem diferente da teoria”, comenta o docente. “Assim, buscamos aplicar os conhecimentos em atividades rotineiras de propriedades leiteiras, possibilitando melhorar suas produções.”

Para empoderar as pequenas propriedades, tentando fazer com que os produtores tornem-se autossustentáveis e que obtenham uma boa lucratividade na produção, o grupo decidiu atuar com trabalhadores de Campinas do Sul. Segundo Bernardo, a escolha pela localidade se deu em virtude de o município se caracterizar justamente por pequenos produtores – o que representa grande parte da produção leiteira do Rio Grande do Sul. “Produtores muitas vezes carentes de assistência técnica especializada”, aponta o professor.

Em 2016, os integrantes do projeto produziram cartilhas explicativas sobre diferentes técnicas utilizadas na produção leiteira, tais como manejo da ordenha e confecção de silagens, entre outras. Cerca de 10 produtores já foram visitados pelo grupo. Nesses encontros, foram explicados os objetivos da ação e iniciada a fase de cadastramento das famílias.

Para fazer a ponte com os pequenos produtores, o grupo entrou em contato com uma cooperativa do município – a Coopasul. A entidade articula com a Universidade as propriedades que precisam da assistência. A partir disso, é feito o agendamento para as visitas. Divair Mingori, técnico da Copasul, destaca a importância da iniciativa: “Esse projeto vem para nos auxiliar, uma vez que estamos com uma pequena defasagem na assistência relativa à questão de nutrição animal”, conta. “Será benéfico para nós termos uma análise da boia de alimentação dos animais, examinando cada caso individualmente, tendo em vista que cada propriedade tem uma realidade.”

O técnico salienta que o auxílio da UFFS é uma via de mão dupla: “A Universidade vem para nos ajudar e ao mesmo tempo nós também estamos ajudando a Universidade, a partir da perspectiva de apoio aos acadêmicos”. “Mais tarde queremos ampliar o projeto, para, daqui a pouco, também entrar na parte de genética", diz Divair.

Enquanto isso, os futuros agrônomos e agrônomas realizarão atividades de manejo, bem como análises quantitativas e qualitativas da produção, conforme o professor Bernardo: “Estamos coletando dados produtivos das comunidades, como quantas vacas estão em fase de lactação, quantos litros de leite são produzidos por dia, quantos litros por vaca/dia, qual o intervalo entre os partos dos animais, idade desses animais, se os produtores têm outra fonte de renda, quantos trabalham na atividade, etc.”, explica.

Será identificado o perfil de cada um dos produtores e, ainda, elaborado um objetivo para cada um deles. “Em um próximo momento, iniciaremos a escrituração zootécnica, que consiste em identificar os índices produtivos”, diz o docente. A partir desses estudos é que o grupo saberá o que deve ser aprimorado. “Faremos oficinas de produção de leite com qualidade, produção de silagens, boas práticas de ordenha, entre outros temas.” A intenção é de que, no futuro, outros municípios circunvizinhos, com características semelhantes, sejam atendidos pelo projeto da UFFS.

Onorino Zulian é um dos pequenos agricultores beneficiados com o projeto de Extensão. “Fiquei sabendo através da cooperativa. Em uma das assembleias, foi falado que o pessoal viria nos visitar”, conta. “Estou achando muito interessante, a gente sempre aprende alguma coisa. E é importante para os alunos conhecerem como é a lida no campo. Depois de formados eles poderão retornar trazendo mais informação para nós.”

Saberes que fazem a diferença

Na última sexta-feira (7) foi a vez das acadêmicas Sabrine Garbin e Carina Paliga irem a campo. De acordo com Sabrine, é nesse trabalho que ela percebe o quanto precisa da parte prática na sua área de formação. “Na sala de aula aprendemos muitas coisas teóricas, mas, na prática, às vezes é diferente. Acho que esse projeto é muito importante para a nossa vida acadêmica. Temos aprendido muitas coisas novas. Ter essa troca de experiências com os produtores é algo muito rico.”

A colega Carina é da mesma opinião. “É importante termos o aprendizado teórico para passar aos produtores. Neste projeto de Extensão visamos exatamente isto: o que aprendemos em sala de aula tentamos levar ao máximo para os produtores, explicando através de uma linguagem bem simples”, diz a aluna.

“São coisas simples, mas que talvez faça muita diferença para as famílias, principalmente na área animal. Qualquer informação que eles tenham a mais, é muito importante para a produção. Quase todos são pequenos produtores. A renda deles provém do leite, então, se tiver 10 litros a mais no fim do mês, isso já é muito vantajoso. É aí que percebemos o quanto nosso trabalho é gratificante”, finaliza Carina.