Curso de extensão capacita mais de 50 profissionais da educação de 18 municípios
Atividade formativa sobre a Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular nasceu de demanda de escolas da região

Publicado em: 22 de novembro de 2018 10h11min / Atualizado em: 22 de novembro de 2018 10h11min

Mais de 50 profissionais da educação de 18 municípios gaúchos estão participando de uma atividade formativa proporcionada pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Erechim, que tem como objetivo abordar questões relativas à Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Trata-se de um curso de extensão iniciado no dia 12 de novembro e que faz parte de um programa coordenado pela professora Flávia Burdzinski de Souza. Atuam também duas acadêmicas do curso de Licenciatura em Pedagogia.

Com as novas normativas, a Educação Infantil brasileira passa a ter um currículo próprio. Antes disso, as escolas precisavam se espalhar no Ensino Fundamental para construir aquilo que serviria de subsídio para os profissionais da área. A BNCC está propondo a estruturação dos conteúdos em campos de experiência, derivados da pedagogia italiana - que, segundo a professora da UFFS, é referência para questões da infância. “Tendo isto em vista, os municípios da região nos procuraram demandando atividades formativas específicas sobre o assunto”, explica Flávia. “Os profissionais estão preocupados em saber o que é exatamente a Base, o que são campos de experiência, se eles devem copiar aquilo que está na Base para o currículo do município, ou mesmo como o município pode fazer a adequação”, conta.

Curso de extensão do Campus Erechim nasceu de demanda da região (Fotos: Wagner Lenhardt/Ascom)

Outra novidade é que agora há um currículo específico para bebês. “A BNCC traz a ideia de objetivos e conhecimentos básicos para o desenvolvimento das crianças desde bebês, que é uma novidade no nosso país. Nos chegavam muitas dúvidas”, diz a professora. O conteúdo programático do curso inclui ainda debates sobre os direitos de aprendizagem: conviver, participar, brincar, explorar, comunicar e conhecer.

Três acadêmicas da Universidade que já atuam em escolas da região estão participando do curso. A maioria do público, porém, é formada por profissionais de outras instituições. É o caso de Nicolas Albrecht Opitz, que dirige as unidades de educação da Associação de Amparo à Maternidade e Infância (Assami) de Erechim. “O documento da Base vem para corroborar com muitas das mudanças que estamos implementando nas nossas unidades de educação. Quanto mais compreendermos a situação, melhor conseguimos fazer com que essas mudanças sejam aplicadas. Capacitamos os professores para que a atuação seja mais condizente com o que o país planeja para a criança e o que a gente também enxerga que seja melhor nesse cenário”, diz.

Flávia: "Os profissionais estão preocupados em saber o que é exatamente a Base"

Prefeita de Itatiba do Sul e professora por formação, Adriana Kátia Tozzo também está fazendo o curso. “Hoje temos cerca de 100 crianças na Educação Infantil do município, ofertamos turno integral também. Há o desafio de aperfeiçoar o processo de aprendizagem nas escolas, especialmente com toda a mudança que estamos tendo na BNCC”, pontua. “Estamos participando do curso também com a equipe da coordenação pedagógica da Secretaria de Educação, para que possamos melhorar e nos aperfeiçoar, oferecendo uma educação de qualidade para as nossas crianças.”

Universidade e comunidade regional

O diretor da Assami entende que a função principal da Universidade é formar profissionais para transformar a realidade social da região. “Este curso da UFFS faz toda a diferença, uma vez que propicia que as pessoas que estão aqui tenham a oportunidade de acessarem essas informações e compreendê-las a partir de uma profissional com o calibre da professora Flávia”, destaca Nicolas.

Momentos no curso também propiciam a troca de experiências entre os participantes

Para a docente, o diálogo da Universidade com a comunidade é de grande importância, uma vez que o que se discute na formação tem a ver com o que é trabalhado na UFFS e no curso de Pedagogia. “Às vezes os acadêmicos vão estagiar nas instituições e não são muito bem compreendidos porque nós temos outros paradigmas e pressupostos educativos que as escolas desconhecem”, diz Flávia. “Esse curso aproxima aquilo que pesquisamos na Universidade do que acontece nas escolas. Para nós há uma troca muito grande, uma vez que as escolas nos trazem aquilo que elas estão fazendo, aquilo que elas pensam. E nós utilizamos esse conhecimento para poder melhorar o que está na estrutura do curso.”

A prefeita de Itatiba do Sul vai além. Segundo ela, a vinda da UFFS para a região conseguiu trazer a universalização do acesso ao ensino público de qualidade. “Em nosso município já podemos sentir o que é ter um professor formado pela UFFS ou um acadêmico da Universidade estagiando na nossa rede. Já temos vários professores atuando e vemos a qualidade que esses professores chegam e interagem com os colegas, nos auxiliando nessa modificação de todo o quadro educacional do município”, destaca Adriana Tozzo. “É uma grande conquista para a região e que muitas vezes, infelizmente, passa despercebida pela maioria da população. Processa-se muito saber aqui na UFFS. Termos essa proximidade com a Universidade com certeza vai melhorar muito as políticas públicas do nosso município”, completa.