Professor alerta sobre isolamento e orienta sobre cuidados com a COVID-19
Asdrubal Russo, que também é médico especialista em Medicina de Família e Comunidade, indica que estudantes não viajem durante o isolamento

Publicado em: 30 de março de 2020 14h03min / Atualizado em: 01 de abril de 2020 13h04min

Pensando em ampliar os conhecimentos da comunidade acadêmica sobre a doença COVID-19, o professor de Medicina da UFFS – Campus Chapecó e médico especialista em Medicina de Família e Comunidade Asdrubal Russo falou sobre sintomas, orientou sobre a disseminação do vírus e alertou sobre o que o momento requer de cada cidadão.

Conforme o professor, o primeiro passo é procurarmos a informação correta. Para ele, em tempos de internet, há muita informação de qualidade, mas há também muitas outras que são desencontradas e podem gerar pânico, o uso de medicamentos ou a tomada de condutas que podem fazer mal à saúde.

Sobre a doença e o vírus

Conforme o professor, a doença etiológica SARS COV-2  é um vírus da família Corona. Como é um vírus novo, recebeu o nome, inicialmente, de N COV 2019. Depois, por conta dos problemas respiratórios que causa, recebeu o nome de SARS COV-2, que traduzindo para o português chama Síndrome Respiratória Aguda Grave.
“É justamente isso que nos preocupa, principalmente nos pacientes idosos, com comorbidades, que deixam suas defesas imunológicas mais baixas, digamos assim”, ressalta.

De acordo com o professor, até o momento, inclusive nos países que já passaram pelo pico da pandemia, foi observado que muitas pessoas desenvolvem apenas sintomas brandos, enquanto outras nem desenvolvem sintomas. “E é aí que está a preocupação: pessoas assintomáticas ou com poucos sintomas estão transmitindo o vírus. Então se torna até mais difícil o bloqueio do vírus, porque as pessoas pensam ‘está tudo bem, posso ir à praia,  à piscina, viajar, porque não estou doente’. Mas isso não é real nesse caso. Precisamos mesmo ter o isolamento social”, destacou.

Quando procurar assistência de saúde
O professor orienta que, no caso de a pessoa não ter febre alta e falta de ar, ela deve permanecer em casa. Ela deve telefonar para um serviço de saúde do seu município, relatar o que está se passando para se informar se deve ou não ir a um serviço de saúde.

Segundo as informações do professor, os sintomas da COVID-19 são: tosse (geralmente seca), febre (a orientação atual é observar o relato do paciente, mesmo sem aferição), fadiga, congestão nasal, coriza, dor de garganta, dor de cabeça e, em alguns casos, diarreia associada a esses sintomas, cansaço e o que nos preocupa mais, dificuldades de respirar (dispneia). No caso da dispneia, é preciso ir a um serviço de saúde imediatamente.

Evitar a disseminação

A principal medida para evitar a disseminação da doença, e que vem sendo tomada por estados e municípios, é o isolamento. E sobre isso, o médico destaca: “As medidas de isolamento não são para ficar ‘de boa’, correndo por aí, fazendo festa, juntando os amigos. De jeito nenhum! É para ficarmos isolados em nossas casas. Sair somente para o necessário: farmácia para comprar medicamentos, ir ao mercado para comprar alimentos. E levar a vida adiante evitando que a gente leve o vírus adiante”.

Ele explica que é possível que os bloqueios sigam por vários dias. Conforme Asdrubal, será possível perceber se o isolamento foi efetivo ou não, mais tarde, já que o vírus tem incubação de 14 dias, aproximadamente.

“Precisamos observar a curva da doença. No Brasil estamos no início da curva. O que vai demonstrar a gravidade é se a curva for muito aguda, pois isso sobrecarregaria o sistema de saúde. E aí o caos fica instalado, porque além de não ter atendimento para todos com sintomas de COVID-19, não teremos leitos de UTI para pessoas que apresentarem os sintomas mais severos da doença, além de leitos, médicos e equipes para as pessoas com outras doenças, que não vão parar.

Cuidados

O médico orienta que é necessário manter a higiene pessoal, especialmente lavar as mãos com água e sabão com frequência. Como o álcool em gel ou álcool 70 são mais escassos do que água e sabão, então, a indicação é utilizá-los somente em situações em que não é possível lavar as mãos.

O apelo do professor é para que ninguém vá viajar, inclusive os estudantes cujas famílias não moram em Chapecó. “Vamos continuar a vida de estudante. Sei que muita gente quer ir para casa, ver os pais, a família, mas você tem que pensar também que esse é um momento de sacrifício de todos, justamente para não levar o vírus de um local para outro. Porque o vírus pode estar incubado, e você sai daqui, vai para sua casa em outro estado e leva a doença para lá, para sua família. Então, pelo bem das pessoas que você ama, fique aqui”, frisou o professor.

“Vamos ter muita esperança, boa vontade e amor. Você pode pensar que é algo que só é grave nos velhinhos. Mas você não ama seus pais, avós? Vamos nos cuidar para cuidar de todos os outros. Com cada um fazendo a sua parte, todos vão ficar bem”, finalizou.