Professora da UFFS – Campus Cerro Largo esclarece sobre a presença de abelhas na Praça Central
A transferência do enxame, nesta época, colocaria as abelhas sob risco de não sobreviverem

Publicado em: 05 de setembro de 2019 10h09min / Atualizado em: 05 de setembro de 2019 16h09min

Foi localizado, próximo ao parquinho da Praça Central de Cerro Largo, um exame natural de abelhas sem ferrão. Trata-se de uma espécie de meliponíneo do gênero Scaptotrigona, não encontrada com muita facilidade.

A professora Mardiore Pinheiro, do curso de Biologia e Agronomia da UFFS –Campus Cerro Largo, esclarece: “analisando a situação, na companhia do Prefeito Valter Hatwig Spies, percebemos que fazer a transferência do enxame, nesta época, colocaria as abelhas sob risco. Além disso, seria necessário a remoção da árvore, o que, ecologicamente, também não seria correto. Assim, por hora, a melhor opção seria manter o enxame no local e com isto aproveitar a oportunidade para levar informações para população sobre a importância da preservação das abelhas para a sociedade”.

Embora sem ferrão, as Scaptotrigona, como qualquer outro animal, ao se sentirem ameaçadas executam ações de defesa, como enrolar-se nos cabelos ou dar pequenas mordiscadas indolores. Por isso, foi restringido o acesso ao local onde o enxame está localizado, ação que também visou proteger as abelhas, comenta a professora.

De acordo com Mardiore, as abelhas sem ferrão, também conhecidas por abelhas indígenas ou meliponíneos, são abelhas sociais que ocorrem em regiões tropicais do planeta. No Rio Grande do Sul, são registradas 24 espécies até o momento. As abelhas são os principais polinizadores das plantas com flores e, portanto, fundamentais para o seu processo reprodutivo, ou seja, formação de frutos e de sementes. O serviço de polinização é um dos principais mecanismos para manutenção da biodiversidade e também para garantir a produção de alimentos. No Brasil, 76% das plantas utilizadas para produção de alimentos é dependente do serviço ecossistêmico de polinização realizado por animais.

Fatores como a perda de habitat, mudanças climáticas, poluição ambiental, agrotóxicos, espécies invasoras, doenças e patógenos ameaçam a sobrevivência dos polinizadores e, consequentemente, a manutenção dos serviços de polinização. Por isso, é fundamental promover ações para proteção dos polinizadores. Várias cidades do mundo têm criado espaços com jardins para polinizadores, onde são ofertadas flores com recursos (pólen e néctar) para alimentar colmeias de abelhas. No Brasil, isto foi feito em Curitiba, onde colmeias de abelhas nativas sem ferrão foram instaladas em áreas públicas da cidade (projeto Jardins de Mel). Curitiba-PR conta hoje com 15 jardins onde a população tem acesso as abelhas e as informações sobre elas.

Na cidade de Cerro Largo, ainda não existe um levantamento da presença de enxames naturais de abelhas sem ferrão nas áreas públicas.

A professora também aponta que neste mês vai ter início o projeto de Extensão “A polinização e as abelhas: ferramentas para educação ambiental, conservação e uso sustentável de recursos naturais”, com a promoção de ações de conscientização sobre a importância das abelhas, voltadas para alunos das séries finais e iniciais do Ensino Fundamental de escolas de Cerro Largo e Salvador das Missões e também para produtores rurais.

 

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