Estudante de Administração realiza pesquisa sobre Síndrome de Burnout no Campus Cerro Largo
Resultados são positivos e mostram que não há prevalência deste tipo de estresse entre os estudantes

Publicado em: 21 de dezembro de 2018 11h12min / Atualizado em: 21 de dezembro de 2018 14h12min

A Síndrome de Burnout é um tipo de estresse ocupacional que afeta profissionais que estão envolvidos com qualquer tipo de cuidado na relação de atenção contínua, altamente emocional e direta. Em estudantes, as pesquisas sobre essa síndrome têm sido desenvolvidas para entender como os processos de ensino-aprendizagem influenciam no bem-estar desta população que está em fase de formação profissional. A síndrome pode acarretar em desinteresse no aluno, baixo desempenho educativo e alto absenteísmo, que são ausências recorrentes.

Segundo o estudo da acadêmica de Administração Natieli Fenner, realizado na UFFS – Campus Cerro Largo em estudantes que conciliam trabalho e estudos, emergem questões sobre a saúde mental, já que estas podem acarretar no aparecimento de fadiga, depressão ou a própria Síndrome de Burnout. Porém, segundo a estudante, há outras pesquisas que identificam estudantes que trabalham e estudantes que não trabalham com resultados similares de níveis de estresse e fadiga.

Para compreender como estariam os níveis de estresse dos estudantes do Campus Cerro Largo, a acadêmica e sua orientadora, a professora Monize Sâmara Visentini, realizaram uma pesquisa com 120 formandos dos sete cursos do Campus. No questionário estavam perguntas relacionadas a sentimentos e emoções dos estudantes no contexto escolar. Dessa amostra investigada, a idade mínima foi de 20 anos e máxima de 43 anos e 85 eram mulheres e 35 eram do sexo masculino. Ainda com relação ao perfil dos entrevistados, 83% dos estudantes são solteiros, enquanto 6,7% casados, outros 6,7% estão em união estável e 3,3% são separados/viúvos. Quanto a ter filhos, apenas 10,8% responderam afirmativamente (cerca de um ou dois estudantes). Com relação à satisfação com o curso, 93,3% responderam estar satisfeitos, porém 53,3% dos participantes responderam que já pensaram em abandoná-lo. Ainda, 50% dos pesquisados realizam atividades de lazer.

Os formandos do Campus Cerro Largo sentem-se exaustos?

Quando questionados se sentem-se exaustos ao final do dia em que tiveram alguma aula 36,67% responderem que “algumas vezes por semana” e ainda 27,50% responderam “todos os dias”. Segundo as pesquisadoras, os resultados indicam que os estudantes estão se sentindo exaustos em relação aos estudos, devido à alta cobrança e responsabilidades.

Com relação ao fator descrença, a questão que mais chamou a atenção na pesquisa foi  a importância dos estudos na vida, pois averiguou-se que esse pensamento ocorre ‘uma vez ao mês ou menos’, “pois a falta de conhecimento em relação às atividades desempenhadas pela profissão podem levar ao ceticismo”, informa Natieli.

Em relação ao fator eficácia profissional, a média mais alta foi para a questão sobre aprender muitas coisas interessantes durante os estudos. O trabalho apontou que os estudantes que conciliavam trabalho e estudos e que não desempenhavam atividades de lazer, se sentiam mais eficazes e competentes como estudantes.

Tanto para esta questão, quanto para o questionamento sobre a importância dos estudos, a média para os estudantes de licenciatura foi maior, o que Natieli interpreta da seguinte forma: “mesmo questionando a importância dos estudos e sentindo-se exaustos no final de cada dia, o grupo de licenciatura apresentou maior eficácia profissional, mesmo conciliando os estudos com o trabalho, participando de pesquisa e extensão, monitorias e estágios no decorrer da vida acadêmica, ou seja, sentem-se mais competentes do que os estudantes bacharéis, que desempenham atividades de lazer”, afirma.

Diante dos resultados, a pesquisa não constatou a prevalência da Síndrome de Burnout nos estudantes formandos do Campus Cerro Largo. No entanto, conforme afirma a acadêmica, “mesmo que os resultados não indiquem a predominância da síndrome, é importante realizar ações que intervenham para reduzir os fatores de estresse que podem vir a contribuir para o desencadeamento da síndrome futuramente”, alerta.

Natieli acrescenta que o tema tem importância para a Administração pelo fato de que a Síndrome de Burnout está relacionada com o comportamento organizacional do ser humano. “A relevância desta pesquisa se justificou pelo fato de que a Síndrome se descreve como esgotamento físico e mental devido a falhas ou por incapacidade para enfrentar as dificuldades e tensões desencadeadas pelas relações ocupacionais e exigências acadêmicas, como a finalização do estágio e elaboração do relatório, elaboração do trabalho de conclusão de curso (TCC), matérias acumuladas e expectativas pelas últimas avaliações e aprovações nas disciplinas”, justificou a acadêmica.

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