O Presidente Negro

 

O Presidente Negro

 

“A obra é inquietante, pois inquietas eram as mãos que lhe deram vida”.

  

 Autor:  Monteiro Lobato

 

Organizador: Evanir Pavloski

 

       

 


Apresentação

Os anseios progressistas de Monteiro Lobato, sua defesa da identidade nacional e suas críticas aos regionalismos dissidentes assumem feições verdadeiramente utópicas no romance O Presidente Negro, especialmente no momento em que a narrativa se desloca no tempo para o ano de 2228. Mas, em um futuro tão distante da publicação do texto, qual o modelo social descrito por Lobato que serve de parâmetro para a realidade brasileira? Na verdade, trata-se da mesma nação que, em 1926, já servia de referência de desenvolvimento e prosperidade social para o autor e vários de seus contemporâneos: os Estados Unidos.

Um aspecto explícito no romance é a crítica à miscigenação das raças e a ênfase na necessidade de um aprimoramento contínuo da espécie humana, que seria viabilizado pelo progressivo embranquecimento da população. Trata-se de um posicionamento de acordo com certas tendências de pensamento do início do século passado e com as quais Lobato e outros intelectuais da época tiveram amplo contato.

A leitura do romance é processo inseparável de sua constituição como objeto artístico, e a variedade das possibilidades de sua leitura não pode ser limitada por uma voz paratextual. Cabe ao leitor se aventurar criticamente pelas múltiplas faces, visões e pontos de vista de O Presidente Negro, de Monteiro Lobato.

 

Sobre o autor

Monteiro Lobato

José Renato Monteiro Lobato (1882-1948) nasceu em Taubaté, São Paulo, no dia 18 de abril de 1882, filho de José Bento Marcondes Lobato e Olímpia Monteiro Lobato.

Ingressou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco na capital, formando-se em 1904. Na festa de formatura fez um discurso tão agressivo que vários professores, padres e bispos se retiraram da sala. Nesse mesmo ano voltou para Taubaté. Prestou concurso para a Promotoria Pública, assumindo o cargo na cidade de Areias, no Vale do Paraíba, no ano de 1907.

Em 1931, volta dos Estados Unidos da América do Norte, pregando a redenção do Brasil pela exploração do ferro e do petróleo. Começa a luta que o deixará pobre e doente. Havia interesse oficial em se dizer que no Brasil não havia petróleo. Foi perseguido, preso e criticado porque teimava em dizer que no Brasil havia petróleo e que era preciso explorá-lo para dar ao seu povo um padrão de vida à altura de suas necessidades.

Em 1943, funda a Editora Brasiliense para publicar suas obras completas, reformulando inclusive diversos livros infantis. Com “Narizinho Arrebitado” lança o Sítio do Picapau Amarelo e seus célebres personagens.

Na Argentina, onde vai morar, em 1946, cria também a editora Editorial Acteón.

Em 1947 volta para São Paulo, vindo a falecer no dia 5 de julho de 1948.

 

Sobre o organizador

Professor adjunto do curso de graduação em Letras, lotado no Departamento de Estudos da Linguagem, da Universidade Estadual de Ponta Grossa, e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem, na mesma instituição. Tem Pós-Doutorado em Teoria Literária, pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), além de Doutorado e Mestrado em Letras, área de concentração em Estudos Literários, pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Suas linhas de pesquisas incluem literatura e figurações utópicas/ distópicas, literaturas fantásticas e teorias da recepção. Além de diversos artigos e capítulos de livros na área, publicou o livro “1984 – A distopia do indivíduo sob controle”, em 2014.