Editora da UFFS lança duas obras na Coleção Literatura Brasileira
Lançamento das obras também comemoram os 11 anos da UFFS

Publicado em: 14 de setembro de 2020 10h09min / Atualizado em: 15 de setembro de 2020 16h09min

A Editora da UFFS lançou as obras Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e O Presidente Negro, de Monteiro Lobato, na Coleção Literatura Brasileira. O lançamento das obras também é um presente aos leitores pelos 11 anos da Universidade Federal da Fronteira Sul, comemorados nesse dia 15 de setembro. Os organizadores da primeira obra são os professores Valdir Prigol, da UFFS, e a professora Silvana Oliveira, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). A segunda obra foi organizada pelo professor da UEPG, Evanir Pavloski.

Memórias Póstumas de Brás Cubas
De acordo com os organizadores, a ideia de lançar Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, é, primeiramente, por ser um livro fabuloso para ler em qualquer época. ''Quisemos ressaltar que, para além de todas as dimensões já exploradas sobre o livro, Brás Cubas é um leitor. É só assim, a partir dos livros que ele leu, que ele consegue, agora, narrar a sua vida (mesmo depois de morto). Por isso, ele se define como um defunto-autor e não um autor-defunto; ele se torna autor depois de morto e os livros que ele leu permitem-lhe escrever a própria história. A proposta é um chamado ao leitor, ou aos múltiplos leitores que cada um de nós é, para assim atualizar essa obra clássica no contexto do presente, em que as reflexões de Brás Cubas sobre ética, vida afetiva, amizade e família são urgentes'', explicaram.

Para os professores, a reedição do livro foi pensada para os leitores do presente. ''Gostaríamos que o leitor do presente lesse o livro sem nem um a priori ou compromisso; que se deixasse levar pelo livro. Quem sabe, dessa relação, não nasça algo novo e inesperado? ''.

Para os organizadores, a obra possui além de uma importância histórica, uma capacidade de produzir aspectos inesperados no leitor. ''De um lado, há a importância histórica: por ser um livro de Machado de Assis, por inaugurar o realismo no Brasil, por ter uma quantidade imensa de leituras e, de outro (ou ao mesmo tempo), o livro tem uma potência incrível para produzir no leitor que entrar em relação com ele, aspectos inusitados. Brás Cubas se revela capaz de refletir sobre si diante dos outros, daqueles com quem convive, suas lições honestas e, em alguma medida, sarcásticas, revelam múltiplas dimensões da experiência humana, seja afetiva, social ou politicamente. Ler esse livro é potencializar seus significados inesgotáveis'', concluíram.

O Presidente Negro
Sobre a organização da obra, o professor Evanir afirma que houve diferentes razões pelas quais surgiu a ideia de organizar essa edição da obra de Monteiro Lobato. A primeira foi porque em 2018 toda a produção do autor passou a ser de domínio público, uma vez que foram completados oitenta anos de sua morte. ''Com isso, a possibilidade de publicação de seus textos foi muito facilitada, já que os direitos autorais foram suspensos e o acesso aos seus textos se tornou livre. Em segundo lugar, na fortuna crítica e ficcional de Monteiro Lobato, sua literatura destinada ao público adulto é constantemente ofuscada pelos seus textos infanto-juvenis'', explicou.

Assim, diante dessa constatação, os editores da coleção optaram por publicar inicialmente uma obra desse primeiro grupo, que ainda merece maior destaque por se tratar do único romance do autor. ''Também valorizou-se a recuperação de uma narrativa que traz, em seu horizonte de discussão, aspectos como, por exemplo, as utopias e as distopias sociais, o progresso científico e o eugenismo, questões ainda muito em voga na contemporaneidade”, complementou Evanir.

Para o professor, a organização se deu a partir de um estudo mais extenso e profundo da obra, que redundou em artigos científicos e comunicações em eventos nacionais e internacionais, nos quais o interesse dos presentes pela narrativa e suas potencialidades foi muito grande. Surgiu assim a proposta de inclusão do título na coleção "Literatura Brasileira: Identidades em movimento", que foi aceita pelos editores. “Tendo em vista a diferença do gênero textual acadêmico e de uma apresentação para uma obra ficcional, foram realizadas as devidas adequações de vocabulário e de estrutura para que o leitor se sinta instigado a ler todo o romance, refletir sobre ele e formar suas próprias conclusões. A intenção não foi oferecer uma interpretação do romance, mas um caminho possível para que o próprio leitor a interprete”, afirmou.

Sobre a importância da obra, Evanir explica que apesar de ser, como vimos, o único romance de Monteiro Lobato, O Presidente Negro é pouco conhecido dentre os leitores brasileiros. “O fato de o autor tentar publicar o texto, pela primeira vez, quando havia se mudado para os Estados Unidos certamente contribui para esse desconhecimento. Assim, um dos primeiros objetivos da publicação é trazer para o grande público uma obra singular na produção lobatiana”, explicou.

Para ele, a singularidade da obra pode ser justificada tanto pelos aspectos temáticos discutidos, como também pelas polêmicas que envolvem os olhares do autor sobre temas como o ideal progressista do início do século XX, as consequências do consumismo e do crescimento das cidades, o caráter dúbio da aplicação do conhecimento científico na vida social, o racismo e a eugenia. “Mas, se um dos propósitos da literatura é provocar a reflexão, seja pela concordância, seja pela perplexidade, a leitura do romance de Lobato é uma grande oportunidade para rever nossos preconceitos, revisar nossa história, repensar nosso presente e talvez redirecionar nosso futuro”, concluiu.

As obras

Para ter acesso às duas obras, que são gratuitas, clique no link da Editora que está abaixo:

Editora UFFS