COVID – 19: professor da UFFS fala sobre medidas de prevenção ao contágio do vírus
O professor Tiago Teixeira Simon enfatiza medidas que devem ser tomadas para conter o avanço da doença

Publicado em: 19 de março de 2020 11h03min / Atualizado em: 20 de março de 2020 09h03min

O professor da Universidade Federal da Fronteira Sul, Tiago Teixeira Simon, responde a algumas perguntas que podem gerar dúvidas ao público em geral quanto à prevenção do contágio do COVID–19. Acompanhe a seguir os esclarecimentos do profissional médico especialista em Pneumologia.


A cada dia, os casos confirmados no país crescem significativamente. Por que a transmissão é tão rápida?

A transmissão ocorre por contato com gotículas contendo o vírus e auto inoculação (daí a importância de lavar as mãos e o rosto com frequência e toda vez que tossir, tocar o rosto ou alguma superfície), e existe ainda um período de incubação (geralmente 5 dias) onde uma parte das pessoas contagiadas pode transmitir o vírus sem ter sintomas.

O que é a transmissão comunitária do vírus?

É quando a transmissão ocorre exponencialmente de pessoa para pessoa, sem que consiga ser identificado o “paciente fonte” ou “caso zero”, é o que acontece hoje em Rio de Janeiro e São Paulo.

Nesse momento, uma das principais orientações é que sejam evitadas aglomerações de pessoas. Por que essa medida é tão importante?

O contágio ocorre de forma exponencial. Imagine em um prédio onde uma pessoa contaminada toca o botão do elevador e deixa o vírus lá, uma pessoa transmite para duas, duas para quatro, quatro para 16, 16 para 256, e assim por diante. É um vírus que se dissemina muito rapidamente se não forem tomadas as medidas orientadas pelos órgãos sanitários, ou seja, quanto menos pessoas estiverem se aglomerando, menor a possibilidade de circulação e transmissão do vírus.

Quais são os grupos de risco?

Pessoas com mais de 60 anos, portadores de doenças crônicas (cardíacas, pulmonares, renais, hepáticas), hipertensos, diabéticos, imunossuprimidos (por doença ou tratamento) e gestantes.

Quando é inevitável sair, por exemplo, para ir à farmácia, supermercados, quais são as precauções que podemos tomar?

Se puder, eleger uma pessoa da casa para sair (preferencialmente jovem e saudável), procurar permanecer a 1 - 1,5 metro de distância de outras pessoas, fazer apenas o necessário e retornar para o domicílio. Não está orientado ir ao shopping (exceto se farmácia/banco/supermercado), academia, cinema, bares, boates, etc. ou fazer encontros de amigos, eventos sociais, reuniões profissionais (nestas situações idealmente usar ferramentas eletrônicas para tal). Procurar deslocar-se o menos possível, dando preferência para compras perto de casa.

As pessoas estão tendo dificuldade em encontrar álcool em gel. Há alguma substituição para o produto?

Na verdade, a medida mais eficaz para evitar a contaminação é a lavagem das mãos com água e sabão. O álcool gel está indicado quando não houver essa possibilidade disponível. Não há motivo para corrida desenfreada por álcool gel no momento, visto que água e sabão estão mais prontamente disponíveis.

Outras considerações?

Lembrando que a situação é atípica e que passará, como está ocorrendo já na China, mas para o impacto ser o menor possível e não vivermos o que hoje está acontecendo na Itália, é necessário que todos façam a sua parte. Mesmo não pertencendo a grupo de risco, não significa que está imune ao coronavírus. Todos podem contrair e transmitir a doença: em cerca de 80-85% dos casos a evolução é leve e com resolução espontânea, entretanto, há a preocupação de que 5% dos casos são graves e que necessitam internação em CTI, especialmente os pacientes idosos e de grupo de risco, e que não haja capacidade dos nossos sistemas de saúde em atender uma demanda grande de casos ao mesmo tempo. Por isso a importância de minimizar a transmissão e “achatar a curva”, como se tem dito, a partir das experiências de China e Itália, para reduzir a mortalidade associada a esta doença.
“Quanto mais cedo nos afastarmos, mais cedo voltaremos a nos abraçar”

#fiquememcasa