Residente da UFFS tem vivência de estágio em população ribeirinha
Deise Zwirtes viveu esta experiência durante o mês de abril no município de Nhamundá, no estado do Amazonas.

Publicado em: 30 de maio de 2023 14h05min / Atualizado em: 30 de maio de 2023 14h05min

Além de especializar profissionais das diferentes áreas que se relacionam com a saúde, o Programa de Residência Multiprofissional em Saúde ofertado pela Universidade Federal da Fronteira Sul – Campus Passo Fundo oferece oportunidades de experiências enriquecedoras. A residente Deise Zwirtes viveu esta experiência durante o mês de abril no município de Nhamundá, no estado do Amazonas.

A oportunidade do estágio surgiu por meio de inscrição em um processo seletivo de edital divulgado pelo Ministério da Saúde. O edital foi lançado pelo Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, com a intenção de encaminhar profissionais especializados para ter a vivência de estágio em populações ribeirinhas, onde o acesso à saúde em geral é precarizado.

Conforme o edital a iniciativa busca incentivar estes profissionais a conhecerem a realidade do SUS nestes espaços, podendo futuramente fixarem carreira em regiões de difícil acesso à saúde. Outro aspecto se refere ao incentivo a pesquisas e estudos com a finalidade de construir políticas direcionadas para essa população.

Qual a importância de conhecer a realidade de um local tão diferente do Sul do Brasil?

Deise - O estágio ocorreu no mês de abril deste ano na cidade Nhamundá, uma ilha que fica no estado do Amazonas. Com uma população de 21 710 habitantes (IBGE; 2021), distante 375 km de Manaus, esta ilha fica a duas horas e 30 minutos de lancha da cidade de Parintins, o que sinaliza para um contexto diverso do vivenciado no Rio Grande do Sul.

Durante o período de estágio foi possível perceber que a receptividade e o acolhimento dos profissionais que atuam em Nhamundá é uma característica que reflete o jeito de ser da comunidade local. Ficou evidente a importância do papel dos profissionais que atuam como Agentes Comunitários de Saúde, considerando as distâncias geográficas e o vínculo que eles possuem com a população.

Este estágio foi supervisionado por um psicólogo que atua na Secretaria Municipal de Saúde e é responsável pelos atendimentos na área de saúde mental do município. Este acompanhamento proporcionou discussões de caso, visitas domiciliares e contribuiu para agregar conhecimento na área.

Você acredita que a vivência agregou na formação? De que forma?

Nesta vivência foi possível acompanhar as dificuldades impostas pela logística e a fragilidade da rede de atenção à saúde. A precarização dos vínculos de trabalho dificulta a organização do sistema de saúde e também se evidencia a falta de investimento em áreas prioritárias. A priorização do modelo curativo faz com que a prevenção e a promoção em saúde conforme as diretrizes do SUS não se tornem práticas efetivas.

Vivenciar uma realidade tão diversa foi desafiador e me fez refletir sobre o quanto podemos usar nosso conhecimento para auxiliar no cuidado integral das pessoas. Independente do lugar do Brasil em que estamos atuando, o SUS nos conecta e convoca a construir nossas redes de afeto e cuidado.

O que foi possível vivenciar de troca de experiências profissionais e pessoais?

Esta experiência agregou na minha formação como residente do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da UFFS – Campus Passo Fundo/ SMS Marau, pois percebi a importância de profissionais do SUS vivenciarem o território neste formato de imersão. Convocou-me a pensar questões mais amplas, tais como: a gestão, o planejamento, a educação permanente, as políticas de provimentos cargos e salários e tantos outros temas.

A partir dessa vivência também vem acontecendo o compartilhamento das histórias vividas com outros profissionais da equipe em que atuo e também com a equipe da residência. Sendo assim, recomendo essa experiência aos colegas que se desafiarem a imergir em uma realidade tão distante dentro do mesmo Brasil.