8 anos de UFFS: egressos falam sobre suas trajetórias antes e depois da Graduação
Oportunidade e realização: histórias de ex-alunos refletem êxito da Universidade em seu projeto de desenvolvimento social

Publicado em: 14 de setembro de 2017 14h09min / Atualizado em: 14 de setembro de 2017 15h09min

A Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) completa, neste dia 15 de setembro, 8 anos de fundação. Abrangendo mais de 400 municípios da Mesorregião Grande Fronteira Mercosul (Sudoeste do Paraná, Oeste de Santa Catarina e Noroeste do Rio Grande do Sul), a Instituição possui 6 campi, promovendo, gratuitamente, Ensino, Pesquisa, Extensão e Cultura para uma população antes desatendida de universidades federais.

O Campus Erechim, localizado no Alto Uruguai gaúcho, oferta, atualmente, 9 cursos de Graduação, 1 de Especialização, além de 3 cursos de Mestrado. No total, são 1.646 alunos matriculados nos cursos superiores e 186 na Pós-Graduação. Atuam no Campus 232 servidores, sendo 145 docentes e 87 técnico-administrativos.

Para resumir alguns objetivos alcançados nesses poucos anos de existência, conversamos com um egresso de cada curso superior. Nos depoimentos, os ex-alunos falam sobre a oportunidade de terem estudado em uma universidade gratuita e de qualidade, as lembranças dos anos de Graduação e o momento profissional e acadêmico de cada um.

 

 

Lucas Signognini, egresso do curso de Agronomia

Natural do município de Rondinha, Lucas formou-se na UFFS em 2016. Hoje, trabalha em uma multinacional de origem norueguesa, que atua na área de nutrição de plantas em 160 países. Ao mesmo tempo, segue na vida acadêmica fazendo dois cursos de Pós-Graduação. “A UFFS significa muito pra mim, foi através dela que consegui realizar o meu sonho e da minha família em ter um curso superior”, diz. “A qualidade do ensino foi determinante para começar a minha jornada como engenheiro agrônomo em uma multinacional”. Além do conhecimento adquirido, Lucas destaca que sua história na Instituição resultou também em grandes amizades, tanto com professores quanto com os demais acadêmicos do curso. “A maior lição nesses cinco anos de curso foi que aprendemos a enxergar oportunidades onde tantos só veem problemas, além de superar períodos de crise e saber que é dentro da crise que conseguimos crescer”, completa.

 

Andrei Pedro Vanin, egresso do curso de Filosofia

Andrei é natural de Jacutinga e concluiu o curso em 2014. Filho de pequenos agricultores, jamais pensou que pudesse fazer uma Graduação. A criação de uma universidade pública e gratuita veio para ajudá-lo a realizar o sonho de estudar Filosofia – área que conheceu ainda no Ensino Médio. “Se não fosse a UFFS, provavelmente nunca teria feito um curso superior. Trabalharia a vida toda no campo”, conta. Em 2017, concluiu Mestrado na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Hoje, é professor no Instituto Federal Catarinense (IFC) – Campus Ibirama. “A formação na UFFS abriu o mundo para mim, foi toda uma experiência de vida”, diz. “Nada melhor do que ter uma universidade pública, federal, gratuita e perto de casa. Meu conselho para quem ainda não entrou na UFFS é de que não percam seu tempo. A política de bolsas e os incentivos à Pesquisa e Extensão são coisas que te torna mais maduro para um Mestrado, por exemplo. E a UFFS é uma universidade muito acolhedora, tem toda uma questão de interdisciplinaridade. Você não fica preso só a sua área”, recorda.

 

Jéssica Mulinari, egressa do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária

A engenheira ambiental Jéssica Mulinari é de Erechim e formou-se em 2016. “Passei na UFFS os melhores momentos da minha vida. É um lugar que faz você se sentir em casa”, lembra. Acadêmica do curso de Mestrado em Engenharia Química da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Jéssica lembra que, no começo da UFFS, as dificuldades referentes à infraestrutura do Campus eram compensadas com a qualidade do corpo docente. “A vontade de ensinar e aprender sempre nos impulsionava a superar essa barreira. Os professores são ótimos, dispostos a ensinar, a dar conselhos, a compartilhar experiências. Devo muito à UFFS por ter me tornado quem eu sou, não apenas na esfera profissional, mas pessoal também”, diz. “A UFFS me proporcionou conhecer pessoas sensacionais – tanto professores quanto colegas, incluindo de outros cursos. Me fez aprender muito sobre relações interpessoais, sobre empatia, companheirismo e amizade. Acho que a UFFS é um exemplo de que não importa a idade que uma instituição tem, mas sim a vontade e a determinação das pessoas que estão por trás dessa instituição”, complementa.

 

Cleiva Perondi, egressa do curso de Geografia

Outra egressa da UFFS – Campus Erechim que garantiu uma vaga em um curso de Mestrado foi Cleiva Perondi, licenciada em Geografia. Hoje acadêmica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Cleiva ficou sabendo da existência da UFFS por meio dos seus professores do Ensino Médio, além de informações de pessoas ligadas a movimentos sociais. “Com o curso de Geografia sendo ofertado na UFFS, para mim foi a oportunidade de ingressar no Ensino Superior em uma universidade pública”, conta. “Fazer parte da primeira turma do curso de Geografia significa ter enfrentado inúmeros desafios de uma universidade em fase de construção, com diversas dificuldades, lutas e conquistas”. Segundo Cleiva, um dos aspectos positivos da UFFS é a oportunidade que muitas pessoas oriundas de escolas públicas e de baixo poder aquisitivo têm de acessar o Ensino Superior em uma universidade federal no interior do Rio Grande do Sul. “Isto possibilita que diversos estudantes sejam os primeiros de uma geração familiar a ter a uma graduação”, fala a egressa, natural de Sananduva.

 

Janieli Andressa Ponsoni, egressa do curso de Arquitetura e Urbanismo

Devido a fatores financeiros, Janieli não tinha possibilidade de fazer um curso de nível superior em uma instituição particular. Aguardou com ansiedade a efetivação da UFFS e, depois, fez parte da primeira turma de formandos de Arquitetura e Urbanismo. Janieli é natural de Jacutinga, mas reside em Erechim há 18 anos. Antes de ingressar na UFFS, chegou a ser contemplada com uma bolsa integral do Prouni em uma instituição particular de Caxias do Sul. “A permanência na cidade também era onerosa para minha família. Assim, o Campus da UFFS em Erechim seria a concretização do Ensino Superior sempre almejado”, fala. Hoje, tem seu próprio escritório de Arquitetura e Urbanismo. “Para além da formação profissional, levo da UFFS a inicialização à formação social (sempre em aperfeiçoamento); o olhar crítico perante a sociedade; a percepção da importância individual no âmbito comunitário e de nossa interferência positiva ou negativa nesse cenário; e a conscientização diante de questões ambientais, políticas e de convivência com as diferenças”, completa.

 

Anna Luiza Verdi Pereira, egressa do curso de Pedagogia

Foi a mãe de Anna Luiza que soube, ouvindo no rádio, da vinda de uma universidade federal para Erechim. “Cheguei conseguir bolsa em outra universidade, porém, apostei na UFFS como a melhor escolha. E acertei”, fala a pedagoga, que se formou em 2015 na primeira turma do curso. Desde 2011, ainda durante a Graduação, atua em um colégio particular de Erechim. Iniciou como auxiliar de Desenvolvimento Infantil e hoje é professora de Ensino Fundamental – Anos Iniciais. Além disso, trabalha como professora particular e cursa o Mestrado Profissional em Educação na própria UFFS – Campus Erechim. “A UFFS foi um divisor de águas para minha formação pessoal e profissional. Eu aprendi mais do que esperava e me motivei para continuar no ramo acadêmico”, diz. “Levo da Instituição a inspiração em continuar minha formação, tornando-me uma professora pesquisadora, que visa não só melhorar a qualidade da educação, mas propor questionamentos por meio de produções e práticas, e tendo a consciência de que a educação é uma relação de troca e estamos sempre em constante aprendizado”.

 

Cleberton Luis Piotrowski, egresso do curso Interdisciplinar em Educação do Campo: Ciências da Natureza

O primeiro aluno formado do curso de Educação do Campo soube da proposta dessa Graduação quando teve acesso a um folder. Naquele momento, viu que sua vontade profissional tinha possibilidades concretas de ser efetivada. Filho de um professor de escola do campo e também de pequenos agricultores, chegou a participar, antes, do processo de reivindicação regional pela implementação de uma universidade pública e gratuita. “Faço parte da UFFS conhecendo e acompanhando o processo de sua criação, instalação e, com orgulho, sendo um dos primeiros formandos do curso”, destaca ele, que é natural de Centenário. Atualmente, é professor contratado pelo Estado, atuando em uma escola de Erechim e outra de Aratiba – esta última, localizada no campo. “A UFFS na minha vida foi um marco, pois oferta um curso que sempre foi do meu interesse, sendo gratuito e próximo – fatores que contribuíram para que eu pudesse trabalhar e estudar. A UFFS abriu caminhos, e hoje atuo em uma área que me interessa e me realiza”, fala o egresso. “Levo, de modo especial, uma formação diferenciada, que abre os olhos para questões atuais e urgentes”, finaliza.

 

Daniel Gutierrez, egresso do curso de Ciências Sociais

A UFFS oferta o acesso ao Ensino Superior de qualidade gratuito não apenas para a nossa região, recebendo estudantes oriundos de todo o Brasil. Daniel é um desses exemplos. Natural de São Paulo, mas já morando no Alto Uruguai, estudava em uma instituição particular. “Trabalhava o dia todo e ia pra aula à noite. Não era um curso no qual eu me sentia realizado, mas era o único que naquela época eu conseguia pagar com o meu salário de vendedor do comércio”, conta. Ficou sabendo da UFFS pela imprensa local, e conseguiu uma vaga no curso de Ciências Sociais. A colação de grau aconteceu em 2015. Depois, fez Mestrado e agora cursa o Doutorado em Sociologia Política da UFSC. “Fazer parte da UFFS significou a grande oportunidade de mudança da minha vida. Eu sempre digo que foi na UFFS onde aprendi, de fato, o significado de estudar. A instituição me trouxe uma outra perspectiva de vida”, diz Daniel. Na época, atuou como bolsista do Programa de Educação Tutorial (PET). “O convívio com os professores e colegas, as rotinas de estudo, pesquisa e extensão, foram fundamentais para a minha trajetória acadêmica e crescimento pessoal.”

 

André Fabrício Ribeiro, egresso do curso de História

O erechinense também foi um dos que acompanharam o movimento que deu origem à Universidade. “Participei de abaixo-assinados e outras formas de pressão social, e, em 2010, vimos o sonho se concretizar”, relembra. Formou-se em 2016. “Antes o acesso a uma universidade pública era difícil, e eu trabalhava para ajudar meus pais nas despesas da família. Eu não tinha condições financeiras para pagar a Graduação e o acesso às bolsas ou empréstimos eram inviáveis”. Hoje o licenciado em História cursa o Mestrado Profissional em Educação na UFFS, trabalha com cursos de capacitação e também em um projeto de pesquisa histórica de um município da região. “Para mim, a UFFS representa a oportunidade de uma boa formação, não apenas acadêmica mas também cidadã, que me move a buscar melhores condições de vida e contribuir com minha comunidade na formação de outros. Acredito que outras contribuições da Universidade na minha vida são a prática da democracia, do pensamento crítico e da valorização das pessoas. Essas noções e práticas, mesmo que com alguns limites, são os diferenciais da UFFS”, diz André.

 

Programação – As atividades alusivas ao aniversário da UFFS, no Campus Erechim, já iniciaram. Hoje (14) começa, no Saguão do Bloco A, a exposição “UFFS em Foco: Uma História Traduzida em Imagens”, que segue até o dia 21 de outubro. Na sexta-feira, dia do aniversário, o Restaurante Universitário (RU) atenderá com um cardápio especial. Às 13h, no Saguão do Bloco A, o professor Douglas Antônio Dias fará uma apresentação artística. Também será exibido um vídeo comemorativo e lançado um concurso de contos e fotografias. Às 18h, no RU, ocorre outro momento cultural com Rici Castro, Maurício Fortes, Cesar Ferreira e Lucas Casagrande.