Voluntários podem participar de pesquisa sobre a covid-19 em Chapecó
Estudo envolve várias instituições de pesquisa e busca entender questões de saúde em pessoas que já tiveram a doença

Publicado em: 20 de janeiro de 2021 09h01min / Atualizado em: 22 de janeiro de 2021 13h01min

Entender se houve efeitos na saúde mental de pessoas que tiveram covid-19 e se restaram consequências biológicas da doença no corpo é o objetivo de uma pesquisa cujo principal parceiro é a UFFS – Campus Chapecó. A pesquisa, com diversas instituições envolvidas, tem à frente, em Chapecó, a professora Zuleide Ignácio, da UFFS – Campus Chapecó, e é conduzida pela professora Gislaine Zilli Réus, do Laboratório de Psiquiatria Translacional da Unesc (Criciúma-SC).

As entrevistas e coletas de sangue e fezes iniciam na terça-feira (26), com cerca de 200 voluntários. Boa parte desse total será de pessoas que tiveram o diagnóstico de covid-19 há algum tempo, de quatro a seis semanas. Outras serão o grupo controle – pessoas que não se infectaram com a doença.

Essa será a primeira etapa de coletas e entrevistas. As mesmas pessoas serão reavaliadas em seis meses e um ano, para a verificação de possíveis alterações neurológicas e biológicas.

Todo o processo será realizado na estrutura da Reitoria da UFFS (na Avenida Fernando Machado, antigo Colégio Bom Pastor). Inicialmente, será feita a coleta de sangue dos voluntários e, logo após, eles responderão a um questionário a respeito de sua saúde mental, que será aplicado por psicólogos, enfermeiros da área de saúde mental ou psiquiatras. Uma sala foi destinada para esse momento da pesquisa (as entrevistas), e somente estarão presentes o profissional e o voluntário, garantindo o sigilo das informações.

A professora lembra que a pesquisa passou por dois comitês de Ética em Pesquisa – da UNESC e da UFFS. Assim, os dados a respeito da saúde de cada indivíduo não serão divulgados com a identificação. Eles farão parte de estatísticas e estudos, sempre garantido o sigilo dos nomes das pessoas. Contudo, cada voluntário terá acesso aos resultados dos seus exames, o que é positivo para que ele acompanhe questões a respeito de sua própria saúde.

De acordo com a professora Zuleide, serão feitas avaliações de uma série de marcadores biológicos com o objetivo de detectar alterações como inflamações que podem estar relacionadas à saúde mental.

Nesse sentido, ela destaca a importância do estudo. “Temos muitos estudos relacionados à covid no mundo inteiro, mas é um ano de pandemia e não sabemos ainda o que pode acontecer em um prazo maior, depois da cura da infecção nos indivíduos. Esse estudo vai auxiliar a comunidade científica e a área de saúde no sentido dos aspectos que serão necessários acompanhar, não somente com tratamentos farmacológicos, mas os psicológicos também. Ainda, ele é importantíssimo para a gestão de saúde, já que é necessário ter conhecimento de possíveis consequências em curto e longo prazo, para estabelecer como será a assistência a essas pessoas que tiveram covid-19”, destaca a professora.

Sob outro ponto de vista, o estudo é relevante para cada voluntário, que terá seus resultados. “Se precisar de um atendimento ou um tratamento futuro, já saberá sobre o que aconteceu pós-covid”. A professora completa que o estudo ainda é importante para quem participar enquanto grupo controle: “Mesmo não tendo contraído a doença, isso não significa que não há influência da pandemia. O isolamento vem aumentando o estresse da população, o que afeta a saúde mental das pessoas, além do medo do contágio, por exemplo."

Quem desejar participar como voluntário, pode entrar em contato com a pesquisadora Zuleide pelo telefone (48) 99968-2966 ou pelo e-mail zuleide@uffs.edu.br.

Projeto e equipe

O projeto multicêntrico, coordenado pela professora Gislaine Zilli Réus (Laboratório de Psiquiatria Translacional da Unesc), foi selecionado e conta com fomento do CNPq, pela Chamada MCTIC/CNPq/FNDCT/MS/SCTIE/Decit No 07/2020 – Pesquisas para enfrentamento da covid-19, suas consequências e outras síndromes respiratórias agudas graves.

Na UFFS - Campus Chapecó, o projeto é coordenado pela Professora Zuleide Maria Ignácio, do curso de Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biomédicas (PPGCB).

Também participam do projeto as professoras Gabriela Gonçalves de Oliveira e Margarete Dulce Bagatini, dos cursos de Enfermagem e Medicina e também do PPGCB; os professores Marcela Martins Furlan de Leo e Anderson Funai, do curso de Enfermagem, área de Saúde Mental; Grasiela Marcon, psiquiatra e professora do curso de Medicina; Jorge Luiz Garcia Ferrabone, neurologista e neurocirurgião, professor do curso de Medicina.

Também participarão do projeto estudantes de Iniciação Científica dos cursos de Medicina e Enfermagem e do PPGCB da UFFS.

Em Chapecó, há ainda a parceria da professora Marta Kolhs, da área de Saúde Mental do curso de Enfermagem da Udesc e da professora Francine Cristine Garghetti do curso de Psicologia da Unoesc, além da psicóloga Patrícia Costa de Andrade da rede de saúde de Chapecó.

Também estão envolvidas no estudo, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Campus Araranguá, The University of Texas Health Science at Houston (Estados Unidos) e McGill University e McMaster University (Canadá).

Para que a estrutura da Reitoria pudesse ser adaptada e receber os voluntários, a professora comenta que foram fundamentais os auxílios da própria Reitoria da UFFS e da Direção do Campus Chapecó.

Lembre o que já falamos sobre a pesquisa.

Leia mais sobre a pesquisa em matéria do site da Unesc.