Mulheres Camponesas: livro traz reflexões a partir de Projeto de Extensão da UFFS – Campus Chapecó
A busca pela autonomia das mulheres camponesas através da Agroecologia, feminismo nos movimentos sociais de mulheres camponesas, a história dos movimentos e a contribuição da universidade para o fortalecimento das mulheres agricultoras são alguns dos assuntos tratados na obra

Publicado em: 08 de março de 2017 13h03min / Atualizado em: 08 de março de 2017 13h03min

Um livro, resultado de um Projeto de Extensão desenvolvido pela UFFS – Campus Chapecó, traz à tona aspectos de um assunto bastante comentado no início do mês de março de cada ano: o Dia Internacional da Mulher. A obra “Mulheres Camponesas e Agroecologia” é resultado de reflexões sobre trocas de experiências, aulas, saídas de campo e vivências de aproximadamente 480 pessoas dos três estados do Sul.Capa do livro é preta com arbustos na parte inferior e uma flor lilás ressaltada com um contorno branco

Uma das organizadoras do livro, professora da UFFS – Campus Chapecó e coordenadora geral do projeto “Organização Produtiva de Mulheres e Promoção de Autonomia por Meio do Estímulo à Prática Agroecológica”, Valdete Boni, conta que cada turma teve seis encontros de 16 horas cada um. Foram 15 turmas, sendo seis em Santa Catarina, quatro no Paraná e cinco no Rio Grande do Sul.

Tópicos como feminismo, agroecologia, quintais produtivos, ervas medicinais e a própria história da agricultura foram abordados. Os professores foram da UFFS, de outras universidades, de entidades e instituições indicadas pelos movimentos sociais, conforme o tema.

Um dos pontos relevantes, inclusive evidenciado na apresentação do livro, diz respeito à autonomia das mulheres do campo. “É reconhecido o grau de dificuldades que enfrentam as mulheres do campo brasileiro, e isto também se refletiu no andamento da formação, não apenas a partir dos relatos que nos tocavam profundamente, mas também nos aspectos práticos que incidiam sobremaneira na questão da autonomia das mulheres”. Conforme a professora, em geral, as mulheres não têm recursos próprios. “Percebeu-se que os quintais produtivos poderiam gerar, além do consumo familiar, uma renda a elas”, ressalta a professora.

Um tema que, conforme Valdete, uniu bastante os interesses das mulheres foi a saúde. Segundo ela, há uma intensa preocupação das mulheres em produzir alimentos mais saudáveis tanto para a venda quanto para o consumo da família. “Geralmente recaem sobre as mulheres os cuidados com os doentes, especialmente idosos e crianças”, lembra ela.

Em outro trecho da apresentação, as organizadoras apontam para um problema bastante comum na vida das mulheres do campo. “De forma geral, apesar das diferenças, muitas das situações adversas enfrentadas no cotidiano da vida dessas trabalhadoras se tornaram ponto de encontro, uma sincronia. Situações que tendem a ser naturalizadas na esfera pública e privada, escamoteando condições perversas nas relações, que vão desde as de desigualdade de oportunidades, as de desvalorização do trabalho feminino, até os casos mais grotescos de violência física e simbólica”.

Além de Valdete, são organizadoras do livro, Siomara Aparecida Marques, Naira Estela Roesler Mohr, Tânia Mara De Bastiani e Lucélia Peron. Não está marcada uma data para o lançamento da obra, mas, conforme a professora, será ainda neste ano.