Imersão em língua espanhola é proporcionada em viagem a Buenos Aires
Visitas, apresentações e atuações em escolas e em instituição para idosos fizeram parte do roteiro.

Publicado em: 18 de maio de 2022 14h05min / Atualizado em: 18 de maio de 2022 16h05min

Apresentações, diálogos e conversações, livros (muitos livros) e vivências culturais. Assim foi a viagem de 30 estudantes de Letras – Português e Espanhol dos campi Chapecó, Realeza e Cerro Largo a Buenos Aires.

De 30 de abril a 8 de maio, estudantes — acompanhados do coordenador do projeto de extensão Letras Sin Fronteras, Santo Gabriel Vaccaro, e as docentes Alejandra Rojas Fuenzalida e Ângela Luzia Garay Frain — viveram experiências de imersão na língua espanhola.

A viagem de estudos aconteceu a partir do Letras Sin Fronteras, que está na sexta etapa, e incluiu a visita à Feria Internacional del Libro de Buenos Aires e a museus, participação em palestras, apresentação de trabalhos, idas a escolas para atuação com o português para estrangeiros e a uma instituição para idosos, na qual o foco foi o espanhol. Na Feira, ainda fizeram entrevistas, melhorando a oralidade e o vocabulário em espanhol. Em um parque, fizeram uma apresentação em espanhol. Também conversaram muito com as crianças, em português, e com os idosos, em espanhol.

O estudante Nilson Júnior Arruda, da nona fase do curso, foi um dos sete alunos que contribuiu com o professor Vaccaro no planejamento e organização da viagem. A tarefa intensa resultou em uma experiência bastante positiva: “Foram dias e noites de trabalho, avisos e muitas listas para que pudéssemos ter a melhor experiência possível. O fato de estarmos em um local em que, 24 horas por dia, o espanhol é falado e ouvido foi de longe uma das melhores coisas. Enquanto estudante de línguas e futuro professor de Língua Espanhola, tenho total entendimento de que a vivência proporcionada pela viagem foi de suma importância para minha formação e acredito que isso contemple meus amigos que me acompanharam” ele relata.

A viagem foi muito além da questão de estudos. De fato, para Júnior, foi uma experiência. “Além disso, estamos saindo de um momento tão desesperador para a nossa sociedade, em que o contato e a proximidade foram afetados de maneira brusca. Poder compartilhar da minha rotina, dos meus costumes e também ter contato com os meus amigos e colegas foi importante para encontrar aquele lugarzinho de conforto que a pandemia nos tirou ao longo desse período. Conhecer locais como o Malba e Caminito consolidaram memórias muito boas para mim e isso não teria acontecido tão cedo se não fosse pela iniciativa desse projeto lindo que é o Letras Sin Fronteras”, complementa ele.

Para chegar a esse sucesso, não foram só os sete estudantes que precisaram atuar antes da viagem. Os participantes estudaram a obra Don Quijote, de Miguel de Cervantes, nas aulas de Literatura Hispânica e como material de ensino para os estágios supervisionados de Literatura.

“A viagem foi toda planejada de maneira que pudéssemos realizar muitas trocas, fossem elas de natureza intelectual, cultural e/ou linguística (...). Sem dúvida, o estudo em cima da obra demandou muita dedicação e tempo, uma vez que há muito o que falar e analisar sobre o nosso cavaleiro andante. Em seguida, a criação dos projetos Letras Sin Fronteras e Grandes Personajes de la Literatura ocorreu para que pudéssemos levar essa importante obra literária para além das fronteiras da universidade. O primeiro ato que fizemos ocorreu na E.E.B. Tancredo de Almeida Neves, com os estágios obrigatórios, em que apresentamos os personagens e o livro em um pequeno festival na escola, juntando todos os estudantes. Foi uma atividade bastante descontraída e uma maneira bacana de finalizar as aulas”, explica o estudante.

Dialogar e “conviver” com a língua espanhola em um país hispanofalante foi realmente transformador para Júnior. “Uma coisa é estar em um ambiente em que simulamos situações, outra é estar vivenciando situações que antes eram apenas imaginadas”.

Outro ponto que chamou a atenção do estudante foi a “maneira como a língua portuguesa é tratada lá. Dentro das escolas, existe um grande fomento à aprendizagem e ao conhecimento dessa rica língua que faz fronteira com o povo argentino. Os estudantes procuravam conversar comigo e meus colegas em português. Podia-se notar o brilho nos olhos das crianças quando nos perguntavam nossos nomes, como é aqui no Brasil e se – essa foi uma graça que um aluninho de 11 anos me perguntou – pretendíamos abrir uma universidade aqui no Brasil! Essa troca linguística e cultural é maravilhosa e deve ser fomentada cada vez mais, em minha concepção”.

Por fim, Júnior faz uma reflexão a respeito das diferenças que ele percebe entre as línguas e países. “Enquanto brasileiro e professor de Língua Portuguesa, anseio e fico sonhando pelo momento em que a Língua Espanhola seja recepcionada tão calorosamente aqui no Brasil como a Língua Portuguesa é recepcionada na Argentina”.

Conforme a professora Ângela, professores e responsáveis pelas escolas já solicitaram que o trabalho seja feito novamente nos próximos anos. Isso, segundo ela, pela intensidade das reações das crianças, do quanto elas gostaram das atividades.

De acordo com a professora Ângela, a experiência de imersão na língua espanhola e de contato direto com a cultura e o texto literário em Língua Espanhola é desenvolvida, em grande parte, nas disciplinas da área de língua espanhola e suas literaturas e é extensiva aos alunos de todas as fases dos cursos de Letras dos campi Chapecó, Realeza e Cerro Largo e a professores da rede pública.

“Os cursos de Letras da UFFS pretendem, primordialmente, formar professores críticos e éticos, que possuam um sólido conhecimento teórico-metodológico relativo à estrutura, ao funcionamento e às manifestações culturais da língua portuguesa e, no caso particular do presente projeto, da língua e da literatura espanhola. Também pretendem capacitar tais alunos para uma atuação competente nos diferentes espaços educacionais e para o exercício da capacidade de criação e socialização do conhecimento na sua área de formação pela prática da pesquisa e pela inserção ativa no meio social em que atuam. É importante reforçar a concepção de que tais manifestações culturais são fundamentais para possibilitar a inclusão ou a exclusão de nossos alunos da UFFS na sociedade”, destaca a professora.

Viagem segura

Antes da viagem, professores e estudantes envolvidos no projeto participaram de um curso de Primeiros Socorros, ministrado pelo Major Anderson Sarte e pelo Cabo Felipe Santiago Amaro Correa, do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, por meio de convênio firmado entre a UFFS e o CBMSC. A partir do curso, que foi realizado no laboratório de Semiologia da UFFS, os participantes preencheram formulários sobre as condições de saúde, o que, segundo a professora, trouxe mais segurança a todos.