Ciências Sociais e Barragens: encontro internacional inicia na UFFS – Campus Chapecó

Publicado em: 21 de setembro de 2016 14h09min / Atualizado em: 04 de janeiro de 2017 11h01min

Pessoas de doze países e de todas as regiões do Brasil estão na UFFS – Campus Chapecó para o IV Encontro Internacional Ciências Sociais e Barragens. Pesquisadores, integrantes de movimentos sociais e atingidos participam do evento que teve a abertura na terça-feira (20) e segue até sexta-feira (23).



A mesa de abertura teve as presenças do reitor da UFFS, Jaime Giolo, do vice-reitor da UFFS, Antônio Inácio Andrioli, do Pró-Reitor de Extensão e Cultura, Émerson Neves da Silva, da diretora da UFFS – Campus Chapecó, Lísia Regina Ferreira Michels, do professor da UFRJ – uma das instituições que organiza o evento –, Carlos Vainer, do professor da UFFS – Campus Chapecó e um dos organizadores do evento, Humberto José da Rocha, e do representante da Coordenação Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens e do Movimento de Afetados por Barragens, José Josivaldo de Oliveira.

O professor Humberto agradeceu imensamente os esforços de todos para estarem presentes em um momento de “contingenciamento dos recursos nas universidades”. Falou da honra de receber o evento e deu as boas-vindas a todos. O professor Carlos Vainer ressaltou que, mesmo em um momento difícil para o país, “estamos no lugar certo e na hora certa”. Para ele, “é a hora de intelectuais, movimentos sociais, acadêmicos com engajamentos sociais, movimentos sociais, resistirem. Eventos como este têm cada vez maior importância, especialmente agora”, enfatizou.

Oliveira lembrou que a fase delicada que o Brasil passa tem repercussão também na América Latina, na África e na Ásia. E lembrou que é justamente agora que o país precisa de sua militância da classe trabalhadora.

A diretora da UFFS – Campus Chapecó ressaltou que a universidade também é resultado da resistência. “E precisamos manter a resistência por uma educação pública, popular e de qualidade”, reforçou. O professor Émerson destacou que a região é “pródiga nas lutas sociais”, e que a luta precisa continuar no sentido da “partilha do conhecimento, para colocar a produção do conhecimento em prol do ser humano”.

O vice-reitor lembrou que as hidrelétricas chegam com a “ideologia do progresso”, ocultando parte da história, justificando que não haveria outra saída a não ser a construção de grandes hidrelétricas e desqualificando a todos que criticam os empreendimentos. “A universidade tem um papel fundamental, já que contribui para a construção da orientação do pensamento das pessoas”, salientou.

Em sua fala, o reitor pediu às pessoas de cada um dos países e das regiões do país que se manifestassem. Explanou sobre um pouco da história da UFFS e falou sobre a seleção dos estudantes para a Graduação – que resulta em altos percentuais de estudantes que fizeram o Ensino Médio em escolas públicas e cujas famílias têm vulnerabilidade social –, dentre outros detalhes sobre a Instituição. “Todos esses fatores se conectam com as discussões que serão feitas no evento”, concluiu.

O membro do Movimiento Rios Vivos, Naudel Gonzalez Madera, veio para o evento com o intuito de discutir questões que populações de seu país, a Colômbia, e o Brasil e outros países da América Latina têm com relação às hidrelétricas. “Precisamos fortalecer a resistência através da relação que nos une”, avaliou. Pescador, Madera sentiu as consequências da construção de um empreendimento no rio em que trabalhava, o Sinu. “Acabaram com mais de doze espécies de peixes. Acabaram com a dinâmica do rio”, lamentou.

O evento seguiu com a mesa-redonda “Lugar e Papel das Ciências Sociais nos Conflitos envolvendo Barragens”, com os debatedores e pesquisadores Henri Acselrad (IPPUR/UFRJ), Flávia Braga Vieira (UFRRJ) e Andrea Zhouri (UFMG). Além da programação, há exposições nos saguões dos blocos A e B e uma maquete sobre o desastre provocado pelas barragens na cidade mineira de Mariana.

Mais informações sobre o evento em http://www.ecsb.com.br/.