Espécie rara de pássaro é encontrada na região das Missões
A presença do patativa-tropeira foi registrada por estudante do mestrado em Ambiente e Tecnologias Sustentáveis da UFFS – Campus Cerro Largo

Publicado em: 16 de novembro de 2017 09h11min / Atualizado em: 17 de novembro de 2017 11h11min

No dia 29 de outubro de 2017, a bióloga e mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Tecnologias Sustentáveis (PPGATS) da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Cerro Largo, Adelita Rauber, encontrou uma espécie de pássaro nativo brasileiro e ameaçado de extinção: o patativa-tropeira (Sporophila beltoni). Ela o encontrou durante sua pesquisa de campo, que avalia a importância dos banhados da região das Missões para a avifauna.

O patativa-tropeira é um raro songbird (ave cantora) migrante austral de longa distância que se reproduz nos campos de altitude do sul do Brasil. Nenhuma hipótese na literatura poderia predizer a possibilidade de registro desta espécie no Município de Santo Angelo, já que como foi observado pelo biólogo Márcio Repenning, um dos responsáveis pela descrição da ave, “ela necessita de áreas específicas para se reproduzir, que invariavelmente estão próximas às matas ciliares ou entremeadas com manchas de capões de florestas, típicos dos campos com araucárias”. A patativa-tropeira passa o período mais quente do ano, de novembro a março, nas regiões onde se reproduz. Quando os dias frios se aproximam, a partir de abril, com menos alimento disponível, ela migra para centro-oeste, principalmente para Minas Gerais, onde permanece até outubro. A rota de migração da ave coincide com a rota por onde tropeiros conduziam rebanhos e carne seca entre o Sul e Sudeste, desde o século 18, e ela foi batizada devido à essa característica.

“A natureza é imprevisível e mais uma vez fomos surpreendidos. O registro desta ave tem gerado um alvoroço entre os ornitólogos, que agora estão tentando desvendar o motivo pelo qual ela foi registrada na nossa região, já que não é rota migratória da espécie. Uma das possíveis hipóteses é que essa espécie migratória, por algum motivo, se desgarrou do bando e se juntou a um bando de caboclinhos-branco (Sporophila pileata), que migra anualmente para os banhados da região das Missões”, explica Adelita. Participaram do momento os estudantes Juliana Rupp e Luiz Carlos Marmilicz , do curso de Ciências Biológicas da UFFS - Campus Cerro Largo.

Agora o objetivo da estudante, que também pertence ao Grupo Aves Missões, será monitorar essa espécie para verificar até quando ela ficará em Santo Ângelo e tentar explicar a presença dela na região.